não podemos

Angelina Da Costa

Saulo jogou a bomba no meu colo e saiu andando, me deixando para trás, sentada na poltrona de receber clientes, sem pratos, sem garfo, e sem resposta. Eu fiquei sentada me sentindo perdida, desconecta, porque havia dado apenas sugestões, o chefe é ele, e pela falta de retorno dele, segui andando pelo escritório, até chegar ao corredor.

A louça tilintava na pia da pequena copa, acompanhada do som da torneira aberta. Eu me detive na porta, em silêncio, observando a cena. Saulo estava ali próximo a pia, com as mangas da camisa verde arregaçadas até os cotovelos, lavando os pratos do nosso almoço como se não fosse o advogado a frente do escritório mais disputado da cidade, nem um dos herdeiros daquele lugar. Como se não fosse um advogado respeitado, com uma pilha de processos à espera em sua mesa.

Ele fazia aquilo com uma seriedade absurda. A mandíbula levemente travada, os olhos concentrados. O sabão escorria pelos dedos enquanto ele esfregava o prato com a esponja, co
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