Angelina da Costa
Eu me sentia tensa.
O corpo ainda não tinha voltado ao normal. A garganta seca, as mãos suadas, e a cabeça... a cabeça fervilhava. Cada clique no teclado, cada sussurro dos investigadores, cada olhar trocado entre Débora e Saulo... tudo ficava ecoando dentro de mim como um aviso.
Quando eles foram embora, eu finalmente soltei o ar.
A "limpeza" nos computadores havia sido feita. Aparentemente, com sucesso.
Mas eu sabia que eles tinham tudo.
Tudo o que estava online.
Ao menos, não o que realmente buscavam.
Os arquivos mais perigosos estavam comigo.
Impressos. Guardados. Codificados.
Escondidos.
E se eles soubessem disso, eu estava morta.
O clima ainda era tenso quando Débora passou por mim, ajeitando a bolsa no ombro, o batom já meio apagado. Tentava manter a pose, como sempre fazia. Mas havia medo nos olhos dela.
- Bem, não há mais o que fazer aqui, Lina. Me atende mais tarde. - disse, sem parar, como se estivesse avisando uma secretária e não uma advogada envolv