Saulo Prado
Acordei com o peso do corpo dela ainda quente ao meu lado. Angelina dormia profundamente, os cabelos vermelhos espalhados sobre o travesseiro, a respiração calma. Resisti à vontade de acordá-la com um beijo, ela precisava descansar. Deslizei para fora da cama com cuidado, esfregando o rosto para espantar os últimos vestígios do sono.
A casa estava quieta, só o barulho dos pássaros lá fora. O chão de madeira rangia sob meus pés enquanto caminhava em direção à cozinha. Cheirava a café, a mãe já devia estar acordada há horas.
Mal tinha virado o corredor quando senti o olhar dela. Parada na frente do fogão, colher na mão, a boca meio aberta. Eu sabia aquele olhar. Aquele "o que foi que você aprontou agora, menino?" que ela sempre me dava desde pequeno.
- Filho... você... você e a senhora Angelina... - A voz saiu em um sussurro espantado. Após ter me visto sair do quarto para visitas.
Caminhei sorrindo, encostei na pia e enchi um copo no filtro de barro. Bebi um gole, deixand