Angelina Da Costa
- Vá se trocar, mulher. Agora.
A voz de Saulo veio baixa, mas com uma firmeza que me fez estremecer. Quando me virei, encontrei seus olhos azuis fixos em mim, desafiadores. Da porta, a sua mãe observava a cena com um misto de curiosidade e desconforto, como se tentasse decifrar o que havia entre nós.
Trocamos um olhar rápido, eu, hesitante; ele, implacável. Foi a senhora Laura quem quebrou o silêncio, fechando a porta devagar, como se nos concedesse um momento a sós.
- Claro, claro, já vou filho... - murmurou, desaparecendo no corredor.
Respirei fundo, tentando me concentrar nos documentos espalhados sobre a mesa, mas o calor do corpo de Saulo aproximando-se das minhas costas tirou-me o fôlego. Dois dedos sob meu queixo me forçaram a encará-lo.
- O andamento do caso está bom, não é? - perguntou, num tom que era mais afirmação que dúvida.
Sorri sem graça, e ele aproveitou para deixar um beijo na minha bochecha.
- Acha? - provoquei, só para ouvi-lo falar.
- Tenho certe