Saulo Prado
Entrei no escritório.
A porta se fechou de imediato atrás de mim, o barulho seco ecoando nas paredes escuras. Otávio Prado já estava instalado atrás da sua mesa larga, imponente, tão antiga quanto ele. O couro da cadeira rangia com o menor de seus movimentos.
- Então, me conte... como anda o escritório? - a voz saiu arrastada, mas carregada de autoridade.
Sentei na poltrona de madeira, o estofado rígido, desconfortável de propósito. Ele me olhava fixo, como se pudesse arrancar de mim as respostas antes que eu abrisse a boca.
- Bem. - murmurei. - Nada que você já não saiba.
Um sorriso fraco se desenhou no canto de seus lábios.
- Talvez não seja mais tão dificil... afinal, você seduziu a minha funcionária de confiança. Está se divertindo com a Lina, não é?
A sala mergulhou em silêncio. Nós nos encaramos, eu tentando não demonstrar nada, ele esboçando aquele sorriso cínico.
- O que pretende fazer com ela? - prosseguiu. - Afinal, você a divorciou, não foi?
Continuei calado. Ap