O expediente se arrastou como um castigo.
Helena tentou manter o foco, revisar relatórios, responder e-mails, fingir normalidade. Mas sabia — sentia — que Adriano estava diferente. Ele mal olhou para ela nas reuniões, e quando o fez, havia em seus olhos algo entre raiva e desespero.
Lígia percebeu a tensão e cochichou, durante o café:
— Tá tudo bem entre vocês dois?
Helena apenas sorriu de canto.
— Nunca esteve, Lígia.
Às seis e meia, o escritório começava a esvaziar. As vozes iam diminuindo, os computadores sendo desligados um a um. Helena aproveitou o momento de calmaria para recolher seus papéis e guardar na bolsa.
Planejava sair discretamente, caminhar até o carro e ir direto pra casa. Precisava de silêncio, precisava pensar.
Mas o destino — mais uma vez — não colaborou.
Ao atravessar a porta de vidro da empresa, deu de cara com Mariana.
Ela estava ali, encostada no próprio carro, com os braços cruzados e o mesmo sorriso irônico de quem já sabia o efeito que ca