Aquela noite foi longa.
Depois da revelação de Rafael, o silêncio entre Helena e Adriano era quase palpável — um silêncio denso, que enchia o ar como uma névoa.
Ele havia se fechado completamente, limitando-se a poucas palavras durante o jantar, e se recolhido cedo com a desculpa de precisar pensar.
Helena ficou na sala, encarando o reflexo da chuva nas janelas, tentando costurar as pontas soltas da conversa.
“Antes de Helena aparecer de novo…” — as palavras de Rafael ecoavam em sua mente.
O que significava aquilo? O que Adriano tinha escondido?
Ela queria acreditar que não era nada grave. Que o homem que amava não tinha segredos capazes de destruir o que haviam reconstruído.
Mas algo em seu instinto gritava o contrário.
Havia um fio solto nessa história — e ela não descansaria até puxá-lo.
---
Quando Adriano finalmente adormeceu, Helena levantou-se devagar.
A casa estava mergulhada em silêncio. O som da chuva havia cessado, e o relógio da cozinha marcava 2h17.