O apartamento estava cheio de caixas abertas, roupas dobradas pela metade, livros empilhados, brinquedos do Lucas espalhados como lembranças de uma vida que ela mal percebera passar.
Helena andava pela sala devagar, como quem se despede de um velho amigo.
Cada canto trazia um eco: o som da risada do filho, o silêncio das brigas, o vazio dos dias em que esperava algo de Rodrigo e nunca vinha.
Agora, ali, tudo era definitivo.
Tinha assinado os papéis da transferência. O novo endereço era uma cidade média, a algumas horas dali. Um lugar onde ninguém a conhecia, onde o nome “Adriano” seria apenas um ruído distante da memória.
Rodrigo passara na noite anterior para buscar alguns pertences.
A conversa foi curta.
— Então é isso? — perguntou ele, encostado no batente da porta. — Vai embora mesmo?
Helena apenas confirmou com um aceno.
— Eu preciso recomeçar, Rodrigo.
Ele a olhou demoradamente, talvez tentando encontrar arrependimento no olhar dela. Não encontrou.
— E quan