O som da chuva batendo nas telhas antigas se misturava ao barulho metálico de um cano sendo engatilhado.
Helena parou de respirar.
A arma reluzia sob a luz fraca da lâmpada pendurada, e o olhar de Artur Vasques — o homem que já fora respeitado e temido na empresa — agora era pura sombra.
— Eu não queria que chegasse a esse ponto, Helena — disse ele, a voz baixa, controlada. — Você se envolveu em algo que não entende.
Ela manteve as mãos erguidas, o coração martelando no peito.
— O que você fez com o Adriano?
Artur deu um meio sorriso, quase de desprezo.
— Ele se meteu onde não devia. Achou que podia desmascarar gente grande. E agora você está prestes a cometer o mesmo erro.
— Então ele está vivo — disse ela, num fio de voz.
O sorriso desapareceu.
— Está… por enquanto.
A frase pairou no ar, pesada, cruel.
Helena deu um passo para trás, o instinto gritando para correr.
Mas o clique seco do gatilho a congelou no lugar.
— Eu nunca quis isso — murmurou Artur. —