A chuva recomeçou naquela madrugada — fina, constante, como se o céu também tivesse algo a lamentar.
Helena não conseguiu dormir.
A cena do dia anterior se repetia em sua mente como um eco interminável: o olhar de Adriano, a voz rouca tentando se explicar, e o silêncio entre eles — o tipo de silêncio que separa, não que acalma.
Ele tentara falar, insistira em se justificar, mas ela estava ferida demais para ouvir.
“Você me prometeu verdade”, foram as últimas palavras que dissera antes de subir para o quarto.
E ele ficara ali, parado, olhando o corredor vazio, sem coragem de ir atrás.
Agora, horas depois, a cama parecia fria demais.
Helena virou-se, olhou o espaço ao lado e sentiu uma ausência quase física.
Adriano não dormira ali.
Levantou-se, foi até a sala.
A pasta dele, os documentos… nada.
O casaco azul que ele deixava sempre na cadeira também não estava mais.
— Adriano? — chamou, baixo, como se não quisesse que a resposta viesse.
O eco foi sua única comp