Os dias seguintes pareceram um borrão para Helena.
As caixas se acumulavam no canto da sala, e cada nova fita adesiva sobre o papelão era como um ponto final na história que deixava para trás. O contrato do apartamento novo já estava assinado, a matrícula de Lucas garantida, e o bilhete de transferência formalizado no sistema da empresa.
Ela fazia tudo em silêncio, com uma disciplina quase mecânica — como quem tenta não pensar para não sentir.
Mas pensar em Adriano era inevitável.
Lembrava do rosto dele sob a chuva, do olhar carregado de dor e promessas. E embora dissesse a si mesma que estava fazendo o certo, uma parte dela — a mais viva — queria que ele realmente viesse atrás.
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Adriano, por outro lado, não conseguia mais fingir normalidade.
No trabalho, as horas se arrastavam. Evitava cruzar com Helena, mas todo e-mail, toda reunião, era uma tortura.
Artur, o chefe, já percebia o semblante distraído, mas não dizia nada.
Adriano estava obcecado em encontrar um je