A viagem tinha sido longa, mas não o suficiente para que Adriano esquecesse. Pelo contrário — a distância só fez crescer o que ele tentava sufocar.
Durante as reuniões, os jantares formais e as horas solitárias no quarto do hotel, o rosto de Helena voltava com insistência: o jeito como ela o olhava quando falava algo sério, a risada tímida que tentava disfarçar, o toque leve das mãos sobre o papel quando os dois trabalhavam lado a lado.
Agora, de volta à cidade, Adriano sentia o peso do que o esperava. Mariana havia insistido para buscá-lo no aeroporto, e ele, sem ânimo para discutir, aceitou.
Ela chegou com o mesmo sorriso treinado de sempre — bonito, mas falso, cansado.
O abraço foi breve, quase protocolar.
— Como foi a viagem? — perguntou ela, já enquanto andavam até o carro.
— Cansativa. Mas tudo correu bem — respondeu ele, olhando para frente.
— Que bom… — ela disse, com um tom que soava mais como alívio do que interesse. — Estava com saudade.
Ele assentiu, mas o silêncio