A estrada de volta parecia mais estreita do que na chegada. Talvez fosse a sensação de estar sendo lentamente sugada de volta para a rotina que Helena tanto temia reencontrar. O filho dormia no banco de trás, com a cabeça recostada contra a janela, e ela se pegou desejando que o trajeto não tivesse fim. Cada curva era um adiamento, um último fôlego antes da realidade.
Quando estacionou diante do prédio, a cidade a recebeu com o mesmo barulho de sempre: buzinas, passos apressados, rostos desconhecidos. O contraste com o silêncio do interior doía. Carregando as malas, subiu com o filho e, ao abrir a porta de casa, sentiu o peso de um lar que nunca foi verdadeiramente seu. O marido, como sempre, não estava. Nem sequer deixara um bilhete.
Helena suspirou. A paz recém-recolhida no interior parecia já começar a se dissipar.
O vazio do lar
Naquela noite, depois de pôr o filho na cama, Helena ficou sozinha na cozinha, olhando para a mesa vazia. Lembrou-se da mesa cheia da casa dos pai