Helena pediu férias quase sem pensar. Só percebeu a urgência da decisão quando assinou o papel e viu o carimbo oficial no canto da folha. Sentiu alívio imediato — como se o simples ato de se afastar fosse também um gesto de sobrevivência.
Partiu alguns dias depois, levando o filho consigo, numa mala enxuta, apenas o necessário. O caminho até o interior era longo, mas o movimento da estrada tinha um efeito hipnótico. Ao se aproximar da cidade natal, reconheceu os contornos das colinas, o cheiro de terra molhada que sempre vinha depois das chuvas, o verde intenso dos campos que se estendiam até perder de vista.
Respirou fundo. Ali, o ar parecia mais limpo, mais leve.
Na casa dos pais, foi recebida com abraços demorados, daqueles que só a família sabe dar. Os irmãos vieram logo em seguida, trazendo risadas, histórias, memórias compartilhadas. O filho corria pelo quintal como se tivesse descoberto um mundo novo.
Helena se sentiu inteira de novo. Como se, por alguns dias, pudesse d