O relógio marcava nove da manhã quando Helena entrou na sala de reuniões. O ambiente estava mais cheio do que de costume. Adriano já estava lá, concentrado em revisar alguns relatórios, e ao lado dele, com um laptop aberto e postura impecável, estava Lígia. O simples contraste entre os dois fez o coração de Helena bater mais rápido.
Lígia, sempre elegante, parecia ter sido cuidadosamente escolhida para o papel de sombra. A presença dela era profissional demais para ser casual. Helena sabia: fora uma decisão do chefe.
— Bom dia — disse, tentando soar neutra, enquanto sentava à frente.
— Bom dia, Helena — respondeu Adriano, com o mesmo tom gentil de sempre. Já Lígia limitou-se a um sorriso breve, daqueles que mais parecem um lembrete de que alguém está sendo observado.
Os minutos seguintes correram entre números, planilhas e estratégias. Mas a cada troca de olhares entre Adriano e Helena, havia uma pausa invisível — quase imperceptível, mas que Lígia parecia captar. Seus olhos,