A tarde já se alongava quando Adriano fechou a porta da sala atrás de si. Helena estava organizando alguns relatórios, perdida em números e prazos, quando percebeu a expressão dele: séria, quase sombria, como se carregasse um peso que não cabia dentro do peito.
— Helena… você tem um minuto? — a voz dele saiu contida, mas firme.
Ela assentiu, pousando a caneta. — Claro.
Adriano puxou uma cadeira e se sentou de frente para ela. Ficou em silêncio por alguns segundos, os olhos fixos nas próprias mãos. Helena sentiu o coração disparar: pressentia que o que viria não era trivial.
— Eu encontrei a Mariana. — disse, finalmente.
O nome pairou no ar como uma sombra. Helena levou alguns segundos para associar: era a ex-mulher, a companheira de vinte anos, a única história de amor que Adriano havia vivido até então.
— Ela… procurou você? — Helena perguntou, tentando manter o tom neutro.
— Foi por acaso, mas… acabamos conversando. — Adriano respirou fundo. — E eu percebi que, apesar