Helena entrou na sala de reuniões um pouco antes do horário marcado. Gostava de chegar cedo: aquele breve momento em que o espaço ainda estava vazio lhe dava a sensação de controle, uma pausa antes da maratona de olhares e expectativas. Ligou o notebook e respirou fundo, tentando organizar na mente os tópicos do dia.
Poucos minutos depois, Adriano entrou. Carregava uma pilha de documentos, a gravata um pouco solta, como se tivesse corrido. Quando a viu, sorriu — um sorriso discreto, mas suficiente para estremecer o ar entre eles.
— Você sempre a primeira. — comentou, puxando a cadeira ao lado dela. — Isso me obriga a tentar ser mais pontual.
— Talvez eu só goste do silêncio antes da tempestade. — respondeu Helena, sem levantar os olhos.
Ele riu baixo, aquela risada que parecia vibrar dentro dela.
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O resto da manhã foi tomado por discussões técnicas, gráficos e relatórios. Mas, vez ou outra, Helena percebia os olhos de Adriano fixos nela por um segundo a mais. Sentia a energia