Narrado por Léa
Eu ouvi antes de ver.
A voz dele, grave, cortando o ar da sala. Não era comigo. Era com o irmão. Reconheci o tom, Zeus não levanta a voz, mas quando fala assim, é sentença. Parei no corredor, o bebê no colo, e só precisei de três palavras para entender: Itália. Amanhã. Juntos.
Meu corpo gelou.
Ele desligou o telefone sem drama, guardou o celular no bolso, acendeu outro cigarro como se tivesse acabado de falar sobre negócios. Eu fiquei ali, parada, o coração batendo no peito como se quisesse sair correndo antes de mim.
— Você já decidiu, — minha voz saiu baixa, mas ele ouviu. Sempre ouve.
Ele se virou devagar. O olhar escuro pousou em mim e no bebê. Não piscou.
— Sim.
Foi só isso. Uma palavra. Uma sentença. Como se minha vida coubesse num “sim”.
— Você nem me perguntou, — avancei, sentindo a raiva subir. — Nem me deu escolha.
— Porque não tem escolha, — ele respondeu, frio, como quem fala da previsão do tempo. — Você e o bebê vão voltar comigo.
— Não! — minha voz quebro