Narrado por Zeus Marino
A porta do quarto fechou com um baque seco. O som ficou na minha cabeça mais do que o grito dela, mais do que o choro do bebê, mais do que as lágrimas que escorreram pelo rosto de Léa enquanto implorava pra ficar na França.
Eu fiquei na sala. Sozinho. O silêncio, dessa vez, não era meu. Era dela. E isso pesava mais do que qualquer arma apontada pra minha cabeça.
Acendi outro cigarro. O quarto estava escuro, só a brasa iluminando a ponta dos meus dedos. Traguei fundo, como se a fumaça pudesse me enganar, apagar o que eu tinha visto. Não apagou.
O rosto dela, quebrado.
As mãos tremendo enquanto segurava o bebê.
A voz implorando.
“Por favor… deixa eu criar meu filho na França.”
Por um instante, eu pensei em dizer sim. Mas um Marino não pensa duas vezes. Um Marino decide. E eu já tinha decidido.
---
Andei pela sala, cada passo ecoando no mármore frio do apartamento. Paris dormia lá fora, mas aqui dentro não havia sono. Havia condenação.
Eu não sou o Don. Não sou Ar