A Verdade no Papel

Narrado por Zeus Marino

Dois dias. Esse era o prazo. Para mim, nunca significou nada. Eu já tinha visto a verdade nos olhos do bebê, no traço do rosto, no peso do sangue. Mas Ares queria papel. Conselho queria papel. Então o papel chegou.

O laboratório entregou o envelope lacrado. Eu podia ter deixado guardado. Mas abri. Preciso ver até o que não preciso.

O resultado estava ali, seco, impessoal, escrito em termos médicos que soam como sentença: 99,9% de compatibilidade.

O mundo não tremeu. Não fiquei surpreso. Não sorri. Só confirmei o que já era certeza. Ele era meu filho.

Dobrei o papel, guardei uma cópia e acendi um cigarro. O telefone vibrou segundos depois. Eu sabia. Ares nunca espera.

— Já saiu, — falei antes que ele perguntasse.

— E? — a voz dele veio carregada de ferro.

— Positivo. — Abri a pasta, tirei a cópia e mandei pelo celular. — Estou te enviando agora.

Silêncio de alguns segundos. Ouvi o bip da notificação do outro lado. Ele estava lendo. Eu conseguia imaginar o maxila
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