Narrado por Zeus Marino
O parque naquela tarde parecia uma ilusão de calma: caminhos forrados de folhas douradas, crianças correndo ao longe, o latido ocasional de algum cão. Andávamos lentos, Léa empurrando o carrinho, Luc enrolado num cobertor, a respiração do menino um metrônomo que, por algum motivo, me acalmava. Tinha prometido a mim mesmo que hoje seria só isso: um passeio. Um respiro antes do próximo contrato, da próxima pressão.
Ela falou alguma coisa sobre Paris — um detalhe pequeno, sem importância — e eu respondi com um meio-sorriso. Por um instante, a casa, Ares, Besa e o tabuleiro inteiro ficaram do outro lado do mundo. Era perigoso sentir paz assim. Eu sabia. Mas havia um lugar no peito onde a paz fazia cócegas, e eu fui covarde o suficiente para ceder.
A luz caía mansa sobre o lago, e uma brisa trouxe cheiro de terra molhada. Dois capos meus caminhavam alguns passos à frente, discretos como sempre — sombra que funciona — e mais dois, atrás, cobrindo a retaguarda como fo