Narrado por Besa
A sala do meu pai cheirava a couro e a decisões. Quando entrei, vi nele algo que normalmente não deixava transparecer: uma raiva contida, como um vulcão aquietado apenas por disciplina. Ele já sabia — não por boato, mas via os homens que o cercam trazerem notícias com olhos baixos. Léa. O bebê. A casa dos Marino transformada em palco da minha humilhação.
Sentei-me diante da mesa, as mãos inquietas. Não era ódio pueril — era exigência. E exigência, para mim, tem forma: clareza, pressa e custo.
— Pai, eu quero a cabeça dela — falei sem rodeios. — E do menino. Não para derramar sangue, mas para arrancar eles da vida pública dos Marino. Eu não caso para conviver com sombra. Eu não aceito que o nosso casamento seja manchado por… por isso.
Ele me olhou por um tempo que foi medida. Depois, colocou as mãos sobre a mesa e falou sem pressa:
— Besa, sabemos o que é necessário. Sangue, quando é solução, é solução da besta. Mas nós não somos bestas. Temos a lei do poder. Temos rot