Narrado por Apolo
Voltei para a mansão com o cheiro de rua antiga preso na camisa e o riso de Violetta ainda vibrando no fundo da cabeça. Por um instante, eu quase esqueci que o mundo lá fora queria nos engolir. Quase.
Assim que atravessei o hall, o silêncio me avisou que a trégua tinha acabado. Nada de música, nada de copos, nada de conversa jogada fora. Só passos comedidos, rádio sussurrando, metal contra metal.
Enzo apareceu primeiro.
— Chefe.
— Ela já subiu?
— Sim. Está com a Lucía e duas mulheres da equipe. Coloquei dois do lado de fora do quarto e o terceiro no pátio interno. Sistema de sensores refeito. Qualquer mosquito tossir na janela, a casa acorda.
Assenti.
— E os meus irmãos?
— Na sala de mapas.
Tirei o casaco, deixei a memória do flamenco do lado de fora e empurrei a porta pesada. Ares estava de pé, curvado sobre a mesa, desenhando trajetos com a ponta do canivete. Zeus, como sempre, no canto oposto, em pé e imóvel, só os olhos se movendo, mordendo as peças do tabuleiro