Narrado por Violeta

Me chamo Violeta Hernández.

Tenho vinte anos.

E sim... sou garota de programa.

Nunca pensei que essa frase fosse sair da minha boca. Nem em pensamento. Eu era aquela garota comum de faculdade. Camiseta branca, calça jeans, café em copo de papel e apostilas rabiscadas. Estudava psicologia. Queria ajudar pessoas. Entender dores que não sangram.

Talvez porque eu mesma carregasse tantas.

Mas a vida tem uma forma cruel de girar.

E às vezes ela gira e te esmaga.

Minha mãe, a mulher mais forte que eu conheço, foi diagnosticada com adenocarcinoma pancreático. Um câncer agressivo. Silencioso. Quando descobrimos, já estava avançado. Os médicos disseram que, sem cirurgia, ela teria no máximo alguns meses de vida.

A cirurgia custava 200 mil euros.

Sem contar os medicamentos, a quimioterapia, as consultas, as internações.

Duzentos mil.

Duzentos mil euros...

Pra salvar a única pessoa no mundo que me ama de verdade.

Eu tentei tudo. T-u-d-o.

Trabalhei em loja, fiz faxina, entregue