Narrado por Besa
Notícias sempre chegam primeiro onde a escuridão respira. Eu devia saber isso. Ainda assim, quando a verdade bateu na minha porta, queria acreditar que era só vento, fofoca maldosa, truque de inimigo, silêncio mal interpretado. Não era. Veio em olhares desviados, em empregados que empalideciam antes de cruzar meu caminho, em uma frase sussurrada com a precisão de uma navalha: “O bebê está na casa dos Marino.”
A xícara escapou das minhas mãos. O café espalhou-se pelo lenço bordado que minha avó me dera no casamento arranjado que ainda estava por vir; manchas negras sobre branco foram a metáfora perfeita do que eu sentia por dentro. Respirei fundo até as costelas doerem e chamei o homem que nunca falha em saber tudo que preciso saber, um homem que me deve, por razões que não entram na conversa, lealdade inconteste.
— É verdade, senhora. — Ele falou seco, sem rodeios. — O Don sabe. O irmão também. A criança está na casa deles. A francesa… está aqui com ele.
A casa deles