Narrado por Besa
A notícia chegou sem cerimônia, mas eu decidi que minha resposta seria, ao contrário, uma ação calculada, nítida, sem ruído. Não sou de me deixar levar por fofocas; sou de cortar o rumor pela raiz com a própria mão. Por isso fui direto ao coração da casa que agora respirava a afronta: ao gabinete do Don.
Entrei pela alameda lateral. Não quis espetáculo. Não queria que o povo visse meu rosto inflamado antes da hora. O carro parou atrás, as portas fecharam com silêncio. A mansão brotou adiante, pedra e sombra. Ares recebeu-me na ante-sala, sem surpresa, ele sempre tem a leitura do que se move no tabuleiro. A expressão dele era aquela calma que precede tribunal.
— Besa. — O cumprimento foi seco, quase profissional.
— Preciso falar com você — respondi, direto. — Agora.
Ele me conduziu ao gabinete sem perguntas. A porta se fechou e, por alguns segundos, os olhos do Don me mapearam: vestido sóbrio, sem joias grandes, lenço apenas no pescoço como uma bandeira de conten