CAPÍTULO 139.
Desde que vim morar na mansão, minha rotina virou um looping calmo e silencioso. Acordar, ir pra escola, voltar e descansar. Só isso. Nada de acordar de madrugada pra limpar banheiro em restaurante, nada de me matar em três empregos tentando pagar aluguel e colocar comida na mesa. Agora, só preciso ser o que tecnicamente sou: uma adolescente de dezessete anos.
Parece fácil, né? Mas tem um preço.
Eliyahu é um homem ocupado. Não é raro eu jantar sozinha, sentada naquela mesa longa demais pro silêncio da casa. Às vezes ele viaja e fica três dias fora, mas me liga duas vezes por dia. Sempre. Sem falha. De manhã pra saber se dormi bem, e à noite pra saber se comi, se estudei, se fui pra escola mesmo.
A mansão tem tudo. Cozinheira, jardineiro, seguranças, gente que limpa até o rodapé da escada que ninguém pisa. Eu não preciso fazer absolutamente nada. Só existir. Só estudar. Tenho até uma conta no banco no meu nome e mesada que entra pontualmente no mesmo dia. É um luxo que antes parecia in