CAPÍTULO 138.

Darína.

Quando chego da escola, a primeira coisa que vejo na mesa da sala é uma urna cinza, com um bilhete apoiado ao lado. Reconheço a caligrafia de imediato: Eliyahu. Meus dedos tremem enquanto pego o papel.

> “Essas são as cinzas da sua mãe. Com carinho, Eliyahu.”

Fico parada por alguns segundos, o uniforme grudando no corpo por causa do calor, a mochila pendendo do meu ombro. Não sinto o chão. Não sinto nada. Só um peso invisível em cima de mim.

Pego o telefone e ligo pra Vera.

— Oi, mana... Já chegaram. As cinzas da mamãe. Estão aqui em casa.

Silêncio por alguns segundos, o suficiente pra me deixar desconfortável. Ela respira fundo antes de responder.

— Darína, você pode não se lembrar... mas nossa mãe não é russa. Ela veio da África do Sul... foi traficada pra cá.

Franzo a testa, o coração disparando.

— O que você quer dizer com isso, Vera?

— Não sei, só... não sei se ela gostaria de ser enterrada aqui, entende? Essa terra fez dela uma prostituta. Não sei se a alma dela estaria
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