Ivy Olivares imaginou ter se livrando do seu inimigo quando terminou o colegial e mudou de cidade para iniciar a faculdade e uma vida totalmente nova, mas assim que chegou, deparou-se outra vez com o terror da sua adolescência. De todos os problemas que poderia ter com Apolo Kade, se apaixonar por ele foi o auge da sua desgraça… ainda mais sabendo o quanto era correspondida.
Leer más— Ivy! - A garota ergueu os olhos em direção ao chamado. — Aqui ainda faz frio. Se acha que consegue chegar ao aeroporto com essa roupa, boa sorte. - Entrou no quarto apenas para abraçar a filha que lhe deixaria em breve. — Já estou morrendo de saudades, tem mesmo que ir?
— Ah, quem você quer enganar? - Se afastou para vê-la enxugar as lágrimas falsas. — Está esperando eu sair para começar a reformar esse quarto. E está há anos esperando meu irmão sair do dele. Como você consegue fingir tão bem?
— Estou tentando ser uma boa mãe para depois não sair por aí dizendo que foi expulsa de casa e com uma semana sua mãe transformou seu quarto num closet charmoso com tudo que o dinheiro pode comprar. - Contou indo até a janela para procurar qualquer sinal do filho que novamente estaria atrasado. — Eu estou feliz que esteja indo seguir seus sonhos e melhor, para a faculdade que sempre quis, mas não posso deixar de sentir que está indo para muito longe e passarei muito tempo sem te ver.
— Ah mãe - Se aproximou da mulher lhe abraçando por trás. Uma das coisas que nunca esqueceria seria o cheiro de lavanda que a mulher possuía, era como se fosse o cheiro de casa. Mas a ideia de sair de casa, de crescer longe, fazer uma faculdade, um estagio ganhar seu próprio dinheiro, conhecer novas pessoas era tão mais intensa que mal conseguia esconder o sorriso de felicidade. — Eu vou sentir sua falta também e podemos nos falar todos os dias.
— Claro que vamos nos falar todos os dias porque é lógico que eu preciso reclamar do seu pai. E quem mais precisa ouvir isso além de você? - Sorriu de lado ouvindo a risada doce. — E não precisa me contar tudo a partir de agora, tenha suas experiências, seus segredos, só não passe o tempo todo chorando como fazia no ensino médio. Lembre-se que agora você é uma mulher adulta e eu te criei para erguer a cabeça e seguir em frente.
— Isso eu vou fazer. E claro que não vou sair por aí chorando porque estou livre de Apolo Kade e do seu bullying. - Voltou para suas malas, deu uma última olhada no espelho arrumando seu cabelo para trás da orelha. — Mas nesta manhã, não vamos nos lembrar desse filho de uma boa mãe, que me fez raiva. Não vejo a hora de ir embora e nunca mais ter que olhá-lo.
— Ah, minha filha. Você também precisa superar o Apolo. Talvez ele faça isso apenas para chamar sua atenção. Toda garota iria querer se aproximar daqueles braços cheios de músculos, e tocar naquele cabelo que b**e no meio das costas, cada fio mais negro que o outro. - Ivy ignorou o comentário buscando sua mochila. — E sem contar que quando ele subia na moto, ficava um charme. Sabe quantas garotas pediu para ele ir ao baile?
— Não. Eu não sei. Ninguém sabe por que ele destruiu a noite do baile. - Parou no meio do quarto puxando todo o ar para dentro dos pulmões, não queria se lembrar da noite do baile onde pensou que encerraria o colegial com um beijo doce num cara gostoso… e do nada a energia acabou, o caos foi instalado.
Apolo acabou com tudo.
— Enfim, hoje é dia de felicidade, vamos esquecer esse nome infame. E o meu irmão? Vai chegar atrasado de novo?
— Ele nunca chega no horário - riu seguindo sua filha para fora do quarto. Ouviram algumas risadas vindas da sala e logo encontraram o pai sentado no sofá assistindo. Quem via assim, nem parecia que estava preocupado com sua única filha indo embora para outra cidade.
Seu irmão não chegou a tempo de pegá-la em casa, mas a encontrou no aeroporto.
Apesar de já ter avisado que não sairia de casa tão cedo, ele era um garoto responsável, trabalhava além de pagar sua própria faculdade.
O abraço apertado naquele momento significou muitas coisas. Era uma despedida, uma forma de mostrar que mesmo distante eles estariam juntos, porque irmãos poderiam estar a quilômetros de distância, mas eles sempre estariam juntos.
— Boa sorte Ivy, e se alguém te irritar, espera ao menos para saber se você conseguirá ganhar numa briga - murmurou ao desfazer o abraço fazendo-a rir. Tá certo que ela sempre foi uma garota estressada, mas as pessoas tinham que entender que ela só se estressava quando Apolo aprontava.
— Não se preocupe. Não vou arrumar briga. Sou uma nova mulher. - Avisou contente,
— Imagino o total desastre que vai chegar naquela cidade.
Depois de outros abraços em sua família, ela finalmente deu as costas para ir embora sem nenhuma lágrima no rosto.
Alguém em algum lugar a julgaria por querer muito, desesperadamente sair da sua cidade e de perto da sua família, mas seus amigos entendiam a necessidade de conhecer o mundo, sua família também, então não tinha porque se arrepender ou se sentir culpada.
_-_
A cada passo que dava pelos corredores do aeroporto, o coração acelerava, a ansiedade de gravar cada momento e nunca mais esquecer era inevitável.
Quando as últimas portas se abriram, avistou várias pessoas com placas e até avistar seu nome numa placa, conhecia bem aquele rosto de todas as fotos que recebeu.
Foi se aproximando devagar admirando a beleza de Madison, uma das suas colegas de quarto e parceira da faculdade de direito.
— Finalmente você chegou. Eu estava tão ansiosa. - Contou animada. — Eu fiquei para te levar porque o outro garoto que chegou se deu bem com os meninos e foi embora. Vamos, Amber está te esperando no carro.
Agarrou-se no braço da outra e seguiram até o carro onde Amber realmente lhe esperava e gritou animada ao vê-la.
— É um prazer te conhecer.
— Parece que já estamos em sintonia, finalmente teremos um ano animado. - Amber se animou mais. — Nosso apartamento não é tão arrumado assim, mas é grandioso. Tem seis quartos e agora temos três homens e três mulheres.
— Agora estamos no mesmo nível - Madison contou. — Ano passado a gente conseguiu ficar com mais dois homens, ou seja, tínhamos quatro homens e duas mulheres, seis pessoas dentro de uma casa onde as decisões não eram tomadas em grupo e eles sempre ganhavam - relembrou quase chorando. — Esse ano, nós podemos bater de frente. Eles não vão querer enfrentar duas advogadas, certo, Ivy?
— Certo. - Gritou de trás e preparada para tudo que viesse acontecer. O sorriso que crescia no rosto de Ivy aumentava a cada momento, estava tão feliz de estar ali que nem conseguia esconder os dentes. — Estou um pouco nervosa com tudo. - Confessou para as outras que sorriram entendendo.
— A gente sabe como é, mas fica tranquila. - Madison foi a primeira a simpatizar. - Eu também estava nervosa quando cheguei, afinal, estamos numa cidade nova, teremos um emprego novo que no seu caso é o primeiro. Além de sair do seu cantinho para morar numa casa com mais três homens e duas mulheres, isso dá medo. Mas te garanto que é uma das loucuras mais maravilhosas do mundo.
Também tinha chegado cheia de medo e com saudades de casa, mas hoje, ela entendia que se tivesse ficado na sua cidade, nunca teria conquistado sua independência tanto financeira quanto mental.
— Você vai amar nosso prédio. Tem academia, piscina, salão de festa e aula de dança com um professor particular que é um gostoso e não é gay. Eu mesma tive que ir provar. - Amber abriu um sorriso fazendo as outras rirem também. — Quero que você conheça tudo e antes do meio dia vamos sair. Temos um encontro com os meninos no nosso restaurante preferido. Parece que os outros se deram bem com o novo garoto.
— E eu tenho que concordar, ele é muito bonito. - Madison confessou. — Falando nisso, Ivy você não tem namorado né?
— Ah não, eu nunca tive um namorado para ser sincera - Amber estacionou o carro rapidamente e logo olhou para trás encarando os olhos esverdeados da menina sorridente. — Sério, estou falando sério.
— Não me venha dizer que é virgem, porque aí eu vou surtar. - As duas da frente fixaram o olhar na recém-chegada esperando tudo menos uma confirmação de que era virgem. — Não que isso seja um problema, longe de mim, mas estamos aqui combinando de tomar todas e te entregar para qualquer homem bonitinho que pareça confiante e você é virgem.
— E claro que se você for, vamos te ajudar a perdê-la com uma pessoa especial porque eu ainda sou a favor do romance na primeira vez. - Tanto Amber como Ivy encararam Madison que mantinha sua postura perfeita. — O que? Falei algo de errado?
— Você me disse que perdeu a virgindade encostada num poste de luz atrás da sua casa com um amigo do seu irmão que foi procurar drogas, aonde você tá me dizendo que foi romântico? - Ivy riu.
— Gente, antes de mais revelações, eu não sou virgem. Eu disse que nunca tinha tido um namorado, não que era virgem. Se acalmem. - Mentiu, totalmente. — Perdi romanticamente, era meu aniversário de dezenove anos.
Mentiu mais ainda.
— Quer dizer que isso foi ano passado? - Madison questionou mesmo que soubesse a resposta. — Tudo bem, não estamos aqui para reclamar, mas me conta, ele era bonito?
— Ah, sim, ele era - Amber desceu do carro primeiro e junto das garotas tiraram as malas e subiram para o andar em que iria morar.
No trajeto contou mais mentiras sobre sua primeira vez que não rolou, mas não deixaria de se enturmar.
Enquanto caminhava pelo corredor, questionou-se inúmeras vezes se as pessoas que faziam isso, enquanto diziam amar outra pessoa não se sentiam estranhos.Bom, ele fez isso quando Ivy o largou, dormiu com uma, com duas de graça apenas para voltar para os braços da garota que ele amava de novo, porque não fazer isso agora por dinheiro?Todo mundo recebe a lição que merece.Quem pode nos julgar não está na terra para fazê-lo cara a cara.Dormir com uma mulher por dinheiro.Nem iria reclamar, pois recebeu muito bem por aquilo. Se iria repetir? Claro que não. Não teve amor, nem prazer, desejo, parecia um robô em cima daquela cama enquanto a mulher gemia alguma coisa, ou apenas pedia para continuar. Se fez um bom trabalho? Não sabia, mas se ela estava sorrindo, bagunçada e dizendo que valeu cada centavo, então tinha sim, indo bem em seu primeiro e único trabalho como um homem sem valor… Ou com um valor alto.Dinheiro nenhum pagava aquela agonia, o desespero de terminar logo. Não entendia com
— O seu brinquedo não está mais disponível.— Não temos mais nada.— Isso mesmo, não temos mais nada, repete até lembrar. - Saiu do quarto.Ivy engoliu a seco. Ele estava certo? Provavelmente. Sentia falta dele, claro que sim. E sua vingança como estava? Uma droga!— Apolo - Gritou o nome dele, e mesmo que não tivesse saído do lugar. Apolo parou no último degrau da escada olhando pra cima. Amber, Madison e os garotos olharam na direção. Demorou, mas Ivy apareceu no corredor olhando para baixo — Já vai pro seu trabalho?— Oh Ivy… - Ele virou completamente — Não começa.— Não está esquecendo sua mascara, não é? - Ele mordeu os lábios — Talvez seja isso… - Ivy começou a descer as escadas — A gente ganhou convite para a boate, porque tinha alguma coisa haver com o mascarado.— Cala a boca Ivy - ele pediu, no entanto, sorriu quando ela parou ao lado dele — Se você falar mais alguma coisa, eu vou acabar com você.— Isso é uma ameaça? - As meninas se aproximaram, curiosas — Ah, eu achei que a
— Um brinquedo.— Tá murmurando o que? - Apolo não ergueu os olhos para o moreno que pousou na sua frente e não foi embora — Sinto falta do meu colega de quarto? O campeonato de videogame foi vencido outra vez pela Amber. Eu odeio saber disso.— Sinto muito. - Riu de Jones. — Estou resolvendo uns problemas com meu pai, mas vou voltar assim que puder. — Para com isso, sei que você está assim desde que saiu com a Ivy - Ele não respondeu — Josh disse que tinha tudo para dar certo, mas vendo que você não voltou para casa, deu tudo errado. E tudo bem a gente levar um fora às vezes. Isso te dar oportunidades de conhecer outras pessoas.— Não acho que devo dizer que levei um fora, porque não deu tempo de eu pedir nada.— Madison disse que você tinha comprado duas pulseiras para usarem juntos - Apolo olhou em direção as arquibancadas, onde sabia que Madison estaria, torcendo por seu namorado, porém, infelizmente, Ivy também. — Ivy é muito bonita, e completamente doida, tem chorado algumas coi
— Tem algumas coisas que o dinheiro não compra. Se eu dormir com uma velha dessa, a Ivy nunca mais olha na minha cara.— Ela já não olha, Apolo, só dorme com você. - Ele abriu a boca para responder que era mentira, mas de fato, eles dormiam juntos e quando o dia amanhecia, ele era um completo desconhecido para ela. — Eu posso pensar?— Pensar em que? - Se encararam outra vez.— Se eu quero ter alguma coisa séria com o Josh. Séria do tipo, ir morar num lugar nosso, com ele pagando tudo, inclusive minhas contas, e eu ter que sair do meu emprego. - Murmurou tristonha.— Tanta mulher querendo um boy rico para lhe bancar e você fazendo esse cu doce. Ah pelo amor de Deus - Reclamou ajeitando sua jaqueta — Diz que sim pra ele, no momento, que ele vai pagar meu jantar com a Ivy. - Bateu a porta do quarto deixando a outra rindo.17hs— Não vai trabalhar hoje? - A madrasta bateu sua taça na mesa com os olhos grandes em cima do homem parado no meio da sala com os braços cruzados, e o olhar de que
— Ele mudou.— Ninguém muda da noite para o dia, quer dizer, eu achei que não. Mas você mudou. Saiu daqui com expectativas de vida, de estudar num lugar bom, e conhecer uma pessoa legal e namorar uma pessoa incrível. E agora você me diz que está transando com a pessoa que mais perturbou seu juízo. - Ivy abaixou a cabeça — Namore com quem você quiser, quem sou eu pra falar alguma coisa.— Não estamos namorando. Estamos apenas… Transando.— Pode ser um pouco tarde para te falar isso, mas eu conheço bem o Apolo. Ele é apaixonado por você - Contou com cara de bravo e Ivy assentiu — Então se ele conseguiu dominar a sua raiva quer dizer que contou.— Ele contou. E me ajudou. Fez coisas por mim, me ajudou com Miguel. E até a me vingar.— Se vingar… - Repetiu a frase — Então eu tenho que esperar ele como meu cunhado?— Ele não é meu namorado.— E porque não é seu namorado? Você não gosta dele, por acaso? - Ivy o encarou mais séria. — Você não gosta dele? Tá transando com ele e não tá namorando
Assim que amanheceu, Apolo saltou da cama, quase pronto para aquela sexta-feira. O sono estava lhe derrubar, mas ficou de pé. Se arrumou como nos outros dias e desceu as escadas escutando a voz de Ivy já se despedindo dos garotos ao lado de Madison e Amber. Aparentemente, elas tinham muita coisa para fazer.Encarou o sorriso daquela garota, cheio de deboche e ainda lhe jogou um beijo. Revirou os olhos parando na cozinha e encarou Jones que bebericava seu café como se quisesse morrer a qualquer momento.— Josh já foi? - Apolo perguntou e teve apenas um movimento de cabeça como resposta — O que foi que aconteceu? Passou a noite em claro?— A Madison gosta de se aproveitar do meu corpo. Mas você deve entender isso, já que escutei alguma coisa do seu quarto. - Ele apenas riu do outro lado da mesa — Pediu ela em namoro?Pedi Ivy em namoro. Não era falta de coragem da sua parte, era falta de interesse em escutar da parte dela. Apolo resmungou alguma coisa batendo a xicara na mesa e Jones aca
Último capítulo