— O dinheiro corrompe as pessoas, mas ainda é uma escolha totalmente sua. - A madrasta avisou, logo levantou tirando de sua bolsa um pequeno papel e colocou na mesa, empurrando em direção a Apolo que pegou na mesma hora — Esse é valor que você começa ganhando. Todo dançarino tem uma personalidade, você pode criar a sua e dependendo da sua fama dentro do clube, vai ganhando alguns extras.
— Eu acho que isso está de bom tamanho - E estava mesmo, com a quantia no papel poderia pagar o apartamento além da faculdade e ainda sobrava dinheiro para sair para onde quisesse... Olhou para a mulher — Tem outra coisa; não quero que digam meu nome.
— Como é? - Athilas voltou ao sofá - Claro que quero dizer seu nome. É meu filho dançando no palco.
— Mas é claro que ninguém vai saber disso, nem a minha mãe - Ficou sério - Eu vim estudar e pretendo não me expor, o que o pessoal da faculdade vai ficar pensando? E eu moro com uma criatura insuportável que conhece a minha mãe. Quero manter minha identidade.
— Isso é um saco, poderia ser rodeado de mulheres dentro e fora do clube.
— Mas também pode ser uma boa ideia. Toda mulher gosta de algo que não pode ter. Poderiam tocar em seu corpo, e exigir a identidade, mas será que vão mesmo descobrir um dia? Isso iria trazer lucros, e todas as noites elas iriam se fartar achando que será a noite da descoberta. Eu gostei. - Levantou andando pela casa, Apolo encarou o pai novamente quase correndo da casa.
O que mais tinha na mente daquela mulher?
— Ela não é incrível? - Apolo negou só balançando a cabeça, incrédulo — Tem ideias ótimas. Eu amo essa mulher.
— Isso aqui - ela voltou trazendo uma pequena caixa, Apolo levantou para receber e abriu na mesma hora. Se assustou com o objeto, mas gostou. A máscara cobriria todo seu rosto, mas não os olhos, nem os lábios carnudos e rosados que possuía. — Eu deixaria você dançar só com isso - Apolo a olhou novamente, ELE TINHA QUE IR EMBORA! — O seu pai fez isso um dia.
— Já deu. Eu vou embora - pegou a caixa e deu adeus.
Sério, não iria suportar viver um segundo naquela casa com aqueles dois. A melhor ideia que teve quando mudou de cidade foi procurar um apartamento bem longe das garras de seu pai.
Quando voltou ao apartamento, entrou olhando tudo ao redor, podia ouvir os múrmuros das garotas fazendo alguma coisa na cozinha e sorriu para elas quando lhe convidaram para jantar. Deixou suas coisas perto das escadas já chegando à cozinha. Encarou cada uma reparando que Ivy não estava por perto, será que também tinha saído?
Mas saído com quem?
— Achei que estivesse com o Josh, ele saiu depois que chegamos da praia e não voltou. Amanhã é o nosso primeiro dia de aula... - Madison comentou sentando ao lado de sua amiga, Apolo em sua frente — Mas não se preocupe. A gente não fica regulando a hora que você sai ou entra nesse apartamento.
— Ainda bem, consegui um emprego com meu pai. - Avisou e escutou perfeitamente quando outra porta bateu. A visão de Ivy descendo as escadas com um pijama curto o deixou em silêncio por alguns minutos, aquele cabelo curto era sexy demais, além das pernas bronzeadas, voltou a encarar as meninas. — Todas as noites.
— Ah, e no que você vai trabalhar? Conta para a gente. - Amber pediu, já servindo o prato de Ivy que mesmo não querendo, acabou sentando ao lado de Apolo no único lugar vazio.
— A minha madrasta tem um bar, e eu vou trabalhar como garçom. - Avisou as outras e olhou para Ivy que o ignorava completamente.
— Isso é bom, ser garçom nessa cidade é um estouro, muitos bares e quase nunca um para nos atender - Madison reclamou.
— Mas também, ser servida por um garçom como você é um fetiche que eu quero realizar, por favor, depois nos diga onde é, farei questão de gastar todo meu dinheiro lá. - Amber não escondeu o desejo, apenas jogou entre eles e todos riram na mesa, menos Ivy. — E você, Ivy? Tudo bem?
— O que? - olhou para todos — Estou. Por quê?
— Coma bastante. Sei que vai trabalhar de tarde e quase não teremos tempo para nos ver. Mas você vai ter que se alimentar muito bem, não quero ninguém passando mal. - Madison começou — Não vai na corda do Josh de só tomar suplementos e suplementos que não vão te ajudar a se manter de pé, entendeu? - Ela assentiu. — Agora coma.
— Calma, não quero engodar, ainda quero manter esse corpo.
— Que corpo? - Apolo perguntou, chamando atenção primeiramente das garotas e demorou, mas ela o encarou ao lado — A faculdade é o lugar certo para você finalmente poder criar esse corpo, alguém tem que querer ele para finalmente... - Sorriu de canto fazendo todas rir um pouco mais.
Aquela troca de olhares, além do sorriso dele em direção a ela... A pergunta é: COMO ELA AINDA NÃO TINHA NOTADO?
Ivy respirou fundo antes de qualquer coisa, então sorriu o encarando mais firme.
— Engraçado ouvir isso vindo do homem que babou a tarde toda justamente NESSE corpo - apontou para si fazendo o homem calar a boca, já largando colher e todo tipo de pensamento que passou na cabeça porque nera possível que ela tinha notado seus olhares? ELA NUNCA NOTA QUANDO ELE A OLHA. — Me disseram uma vez que, tudo que a gente não consegue ter, a gente quer destruir. Será que se isso se aplica a você, Apolo?
Amber e Madison se entreolharam e voltaram ao "casal" que ainda se olhavam como se fossem avançar um no outro, mas para coisas totalmente diferentes. Enquanto Ivy com certeza arranharia a cara de Apolo, ele a agarraria.
— Não quero começar essa discussão a essa hora da noite, deve ser muita coisa para você digerir de uma vez - Levantou pegando seu prato — Eu vou jantar lá em cima, não quero ser devorada pelos olhos de desejo do Apolo.
— Que desej...? - Quase se engasga — Eu não gosto de você não, sua virgem mal amada. - Gritou enquanto a via subir as escadas sem lhe dar importância. Voltou para as garotas que olhava prontas para começar a rir. — Eu não gosto dela, tá bom? Não gosto.
— Você tem certeza disso? - Amber perguntou fazendo o outro rir em deboche.
Abaixou a cabeça;
Pegou a colher;
Parou de ri;
Voltou a olhar as meninas;
— Não gosto não - Confirmou virando a cara.
— É... Então tudo bem - Voltaram rir. - A gente acredita.
Apolo se juntou as risadas. Ele não sabia mentir tão bem.
_-_
Não era nem cinco da manhã quando Ivy saltou da cama pronta para começar o dia vibrando. Arrumou os lençóis, procurou por suas coisas e tudo que iria precisar naquela manhã. Olhou para o lado de fora e a visão do prédio ainda era uma das coisas mais lindas do mundo.
Pegou sua toalha pronta para atravessar aquele corredor sem ninguém lhe ver, mas perdeu para Josh que subia as escadas aparentemente chegando naquele momento.
— Acordada tão cedo? Nem dar para esconder que você é caloura. Ninguém acorda uma hora dessas para se arrumar - Avisou para a outra e parou ao lado dela, Ivy riu mais. Josh era um pedaço de mau caminho e sem camisa parecia que tudo dentro de si queimava, apenas o olhando.
— Eu sempre acordei cedo para me arrumar, e ter que dividir o banheiro com mais cinco pessoas me ajuda e acordar mais cedo ainda - Avisou continuando a andar e Josh a seguiu.
— Todas as vezes que tiver que entrar nesse banheiro e, eu estiver lá dentro, não hesite, entre e faça tudo que quiser, não vou me importar nem um pouco - parou na porta do banheiro com ela — E não se preocupe em se arrumar tanto, porque você já é linda pra caramba. - Avisou e correu e entrou para seu quarto.
Ivy sorriu e finalmente entrou no banheiro.
Josh tinha razão quanto a sua beleza, era uma garota baixa, mas com os olhos verdes que brilhavam de longe, o cabelo curto jogado para todos os lados a tornava sexy. Não havia sinal de gordura em seu corpo e as pernas grossas, parecia que morava dentro de uma academia quando dez agachamentos antes de dormir e dez ao acordar resolvia tudo. De fato, ela era uma mulher incrível e não iria deixar ninguém falar o contrário, muito menos Apolo.
De todos os seus desafios do dia, fugir daquele traste na faculdade era o que tinha que conseguir. Não iria dar de cara com ele em canto nenhum e esperava nem o encontrar dentro de casa. Ah, já era um azar do cacete ter que vê-lo nas refeições. Isso era um erro no meio das suas anotações. Terminou o banho com louvor.
Mapeou seu corpo inteiro com seu creme preferido antes de se enrolar na toalha outra vez e abrir a porta, o primeiro passo que deu para fora, voltou, batendo em alguma coisa.
Talvez, os deuses lá do céu não queria que ela fosse feliz, olhou para cima encontrando o olhar atento de Apolo que começou das pernas chegando ao rosto em meio segundo, ele revirou os olhos — Tinha que ser você a acordar tão cedo e morar dentro desse banheiro.