— Então quer dizer que você não pretende vir hoje? - Quis saber o pai quando o viu colocar a jaqueta de couro de volta, logo depois buscar o capacete jogado no chão. — O que vai acontecer hoje de tão especial?
— A festa dos calouros, e não quero faltar. - Avisou ajeitando a mochila que atravessava o corpo. — Talvez eu venha amanhã, para assistir, preciso entender toda essa merda antes de começar - Sorriu para o homem e saiu do lugar.
Voltou até sua moto e correu de volta para o prédio com um sorriso no canto do rosto.
Estava levando as coisas a sério de verdade. Sua mãe não iria desconfiar de nada e o dinheiro que ganharia daria para pagar a faculdade e até guardar para depois. E dançar não é nada demais, sério, uma profissão como qualquer outra.
Parou no estacionamento deixando sua moto de lado, tirou o capacete avistando ao longe sua mais nobre garota aparecer.
Ivy era sem duvidas uma garota linda demais para sair desfilando sozinha e ainda vir distraída, esperou ela entrar no prédio.
Antes de chegar à entrada Apolo desceu da moto e andou mais rápido para chegar até a menina e ainda a impedir de subir no elevador, sozinha. E assim que fez Ivy que mantinha um sorriso bonito no rosto, acabou revirando os olhos e cruzou os braços. O espaço do elevador era pequeno demais para ter que ficar perto daquele ser humano irritante e chato, o pior da face da terra.
— Como foi seu primeiro dia? - Ele quem perguntou, dando um sorriso de lado ao ver que ela fez bico. Tudo bem, depois de tudo que tinha feito a aquela garota, era certo ela ter ódio de sua pessoa maravilhosa, mas isso era para ter ficado no colegial, né? Trazer para a faculdade era um erro, um erro terrível.
— Foi ótimo. - Respondeu. Apolo arregalou os olhos e a olhou na mesma hora.
Ela tinha respondido?
Ainda bem; Graças! Ele assentiu mostrando um sorriso pequeno. Tudo bem. Tudo bem. Tinha que a fazer mudar a opinião contra sua pessoa.
Estava na hora de começar a pensar como homem, homem de verdade. Passar o ensino médio inteiro a perturbando não parecia ter sido um bom plano. Então como era que as pessoas conquistavam as outras? Porque os livros diziam que opostos se atraem, e inimigos viram amigos e depois de amigos namorados.
— E o seu? - Ela perguntou, assustando ainda mais o garoto que lhe olhou novamente, o espelho ao lado não estava em questão, preferia olhar atentamente para os olhos verdes e brilhosos. — Fez grandes amigos? Você sempre faz isso, acaba fazendo os melhores amigos e tornando a minha vida um inferno. O fato de não me importar mais com isso é apenas um diferencial.
— Eu fiz alguns amigos e até dei ideias para as festas dos calouros - Ivy não se moveu — Você vai não é? - Quis saber.
A ideia era não aparecer naquela festa, mas depois de escutar inúmeras madrinhas reclamando do casamento, estava cansada e queria a todo custo beber um pouco e esquecer o resto. As portas do elevador se abriram, mas nenhum saiu. Apolo deu o primeiro passo e Ivy continuou parada, eles se olharam.
— Eu vou nessa droga de festa, porque eu preciso beber. - Avisou e passou pelo motoqueiro que sorriu a seguindo pelo corredor quase tropeçando em seus próprios pés como um ilustre cachorrinho atrás de sua dona. — Não que seja da sua conta, mas preciso de álcool.
— Se você quiser, eu posso ficar contigo e beber até o dia amanhecer. Eu sei das brincadeiras que vão fazer e se quiser, posso te proteger. Não que você precise de proteção, até porque quem te protegia era seu irmão e ele não estar mais aqui, então eu posso assumir esse papel - Ivy estreitou os olhos sem entender.
— Me proteger? - Ela parou de imediato virando na sua direção — Proteger do que? De alguns idiotas que acham que vão me fazer passar vergonha? Você, me proteger? - Perguntou outra vez como se tivesse ouvido errado. — Apolo o que você quer?
— Fazer uma amizade. Eu quero ser seu amigo, é difícil eu querer me desculpar de todas as brincadeiras que fiz antes? - Ivy revirou os olhos, cruzou os braços. — Vamos deixar o que aconteceu na escola, lá na escola, é mais fácil.
— Fácil? Fácil pra quem? Pra você que está lindamente incrível em cima da sua moto se achando o gostosão?
— Você não é diferente - A olhou dos pés a cabeça — Tá ai toda gostosona e se achando a grande mulher forte que pode passar por cima de mim. Tudo bem se não quiser ajuda de um estranho, essa é a "você" que eu conheço, mas eu não sou um estranho, sou seu amigo.
— Meu vibrador é meu amigo. Você é um filho da puta - virou outra vez continuando a andar normalmente pelo corredor e entrar no apartamento.
Apolo riu a vendo ir embora, céus, aquela mulher era difícil.
Assim que entrou no apartamento, não fez questão de fechar a porta sabendo que o outro iria entrar em algum momento depois da alma do mal tomar conta do seu corpo novamente, porque aquele papo de querê-la proteger não era obra sua. A única pessoa da qual ela queria proteção era do próprio Apolo, para ele vir oferecer a sua proteção? Ah, pelo amor dos deuses.
Deu de cara com Amber que vinha da cozinha com seu rosto coberto por algo gosmento e verde.
— Você chegou. Por favor, me diz que vai a festa? A festa é sua, é para os calouros - Parou em sua frente e logo Apolo entrou trocando olhares entre suas coisas que fora jogada atrás da porta e Ivy que continuava a olhar para Amber arrumando o seu cabelo curto. — Vocês estavam juntos?
— Oi? - Ivy virou para trás olhando Apolo de cima abaixo e voltou a Amber. — Não. Não estava com esse idiota. Ele que veio me seguindo até aqui. - Contou ajeitando a bolsa nos ombros — Eu vou sim. O dia foi cheio, tudo que preciso no momento é sentar em algum lugar e beber até cair.
— Ainda bem, porque a Madison não iria deixar você ficar em casa. E é claro que eu quero saber como foi o seu primeiro dia. Gosto de saber que temos uma maquiadora profissional dentro de casa - contou toda feliz e Ivy riu de canto, gostando da animação dela.
— Eu vou tomar um banho primeiro. E eu não sou profissional ainda, mas obrigada pelo incentivo. - Avisou já virando para subir as escadas desviando de Apolo que terminava de tirar a camisa, exibindo seu corpo, evitou um olhar de desejo, porque ela podia odiar, mas a carne é fraca.
— E você? Achei que seu emprego fosse só à noite? Ganhou um extra para seguir Ivy? - Apolo riu de canto passando pela garota e se dirigindo a cozinha. — Hm... Então é sério? Estava perseguindo a Ivy? Por quê? Gosta dela? - Apolo parou mesmo com a geladeira aberta e virou para encarar Amber de braços cruzados e olhos curiosos.
— Porque vocês sempre acham que eu gosto da Ivy? Tanta mulher bonita no mundo e ela repentinamente estar minha vida como a garota que eu gosto? Claro que não. - Fechou a geladeira — Não tenho interesse amoroso naquela garota.
Contou sabendo que nada do que disse era verdade, mas seria seu escudo caso alguém viesse outra vez perguntar. Não era como se todo mundo precisasse saber da sua queda por Ivy. Embora todo mundo naquela casa já tivesse notado. Apenas ele já era o suficiente e ele mesmo iria fazer com que Ivy enxergasse isso. Em algum momento.
— Ah então eu e a Madison estamos liberadas para procurar um namorado para ela, certo? - Apolo a olhou depressa quase que por instinto. NAMORADO PRA IVY? — Ai que emocionante, não vejo a hora dela chegar por essa porta e dizer que não é mais virgem - Apolo tentou falar — Daremos uma festa para comemorar isso, apenas nós seis. - Contou e saiu correndo para o andar de cima.
Apolo abaixou os olhos para o copo com água. Era isso? Ivy estava tentando arrumar um namorado? Mas será que ela não estava lhe vendo não? Ah, mas ela não iria arrumar namorado nenhum.
No quarto de Ivy a mesma terminava de arrumar últimas roupas das malas no armário e aproveitou para escolher um vestido bonito para ir à festa. Apesar de querer ficar e não aproveitar nada daquilo, não custava nada sair para beber um pouco e fazer amizades. Isso mesmo, ela tinha que fazer amizades.
Muitas amizades para que um dia pudesse ter aliada caso entrasse em guerra com Apolo, porque isso iria acontecer em algum momento, ela iria acabar com aquele garoto cedo ou tarde.
Depois de escolher um vestido de cetim que marcava cada curva de seu corpo, escutou os gritos de Madison e Amber do lado de fora, Madison era escandalosa quando queria e pensando nela, Madison abriu a porta já anunciando que estava entrando e não se importava se ela tivesse nua.
— Não se preocupe, estou de roupa - Virou para a mulher que sorriu animada cruzando os braços. — O que foi?
— Só vim dizer que infelizmente, seu nome está na lista dos calouros, e mesmo se você não for hoje, você terá que pagar alguma coisa nos corredores amanhã. Eles sempre vão atrás dessas que faltam, você precisa entender isso - contou caminhando pelo quarto e parou na cama ao ver o vestido escolhido — Uau! Talvez você seja a caloura mais bonita, você vai arrasar nesse vestido.
— Eu espero. Quero chamar atenção. Como você disse, preciso de um namorado.