— O meu pai e minha madrasta moram aqui e resolvi fazer faculdade perto dele. E eu poderia ir morar com ele, mas...
— Mas você escolheu destruir meu sonho depois do colegial? Seu escroto filho da puta, eu te odeio. E quero que você vá embora, ou eu posso ir porque você é uma pessoa ruim e está aqui apenas para me destruir, confessa. - Mandou.
— Você não é o centro do mundo Ivy, para de se achar garota. Tá pesando que é o último sol do amanhecer? - Ele falou mais sério, se aproximou devagar estendendo o celular para ela. — Eu também sempre quis sair daquela cidade, e se tivesse reparado melhor em mim, tinha descoberto. - Apontou para si mesmo enquanto Ivy apenas calculava como iria chegar ao apartamento arrumar suas coisas e ir embora, tudo isso naquele mesmo dia.
— Claro que não vou reparar porque você não tem nada de interessante - Disparou de uma vez, e o outro fez pouco caso. — Nós não somos mais crianças.
— É, eu sei que não somos. Então fica tranquila baixinha invocada - Tentou abraça-la de lado, mas recebeu um soco no estômago. Abraçou a barriga quase perdendo o ar. — Eu não senti saudade dos seus socos.
— Nem eu de bater em você.
— Olha Ivy, não quero que desista da faculdade por minha culpa. Apesar de ter adorado saber que eu te afeto tanto a ponto de parar o seu mundo - Sorriu enquanto se erguia novamente. Ela o olhou dos pés à cabeça, suspirou, não podia perder a cabeça por causa daquele babaca. Iria sim seguir adiante.
Voltar agora para casa também era uma prova de que não saberia lidar com nada que fugisse do seu controle na vida adulta, só tinha que entender que nem tudo na vida era como planejou.
Engoliu a seco e subiu o olhar para os daquele idiota.
— Eu não vou desistir por uma pessoa escrota como você. - Apolo se ofendeu — Eu tenho um emprego aqui, um apartamento bonito e no meu quarto falta apenas flores para decorar e as meninas são legais e os garotos são bonitos, menos você. - Contou logo fazendo o garoto rir em deboche — Eu sou uma mulher adulta agora, não vou mais me importar com o que você falar. - Passou por ele de cabeça erguida.
— Ainda bem. Porque agora que você disse que é adulta... - Ele virou para ela, se encararam, Apolo sorriu. — Quero ver você fugir de tudo que acabei de planejar na minha cabeça. - Passou por ela entrando primeiro.
Ivy engoliu seu ódio entrou, e assim que fez, travou no mesmo momento quando encontrou o sorriso de Apolo.
Ele parou ao seu lado e gritou chamando atenção:
— Aí pessoal. - Todo mundo daquele restaurante olhou para os dois. — Essa é Ivy Olivares, é a minha melhor amiga desde a infância - as meninas da mesa arregalaram os olhos e os meninos se entreolharam, confusos. — Só quero anunciar que ela é uma das pessoas mais bravas que conheci, mas está em busca de alguém legal, inclusive para tirar sua virgindade.
As pessoas do restaurante riram, além de jogar cantadas de longe. Ivy olhou para cada pessoa presente ali parando em Apolo que se aproximou e abaixou-se um pouco para alcançar seus ouvidos.
— Você não tem ideia do quanto eu consigo ser escroto. Ainda mais longe do seu irmão. - Foi se afastar para voltar à mesa quando sua mão foi puxada, virou para ela a tempo de levar a primeira tapa da sua vida no rosto. Ele colocou a mão no lugar, incrédulo, surpreso, e mais surpreso ficou quando ela riu. ELA TAVA RINDO DO QUÊ? — Quê, que isso mulher?
— Eu posso ser virgem, mas com certeza a mais gostosa de todas as garotas que vai conhecer durante toda a droga da sua vida. Se você tem algum problema com isso, guarde para você.
_-_
— Me conta que historia é essa que você me diz que não é virgem e depois aquele cara fala ao contrário? Você não precisa mentir para ninguém, muito menos para mim. - Ivy desviou o olhar das garotas.
O jantar havia perdido toda a diversão e quase agradeceu quando todos resolveram ir embora.
Avistou ao longe os garotos adentrarem o carro empurrando um ao outro.
— Eu não estou chateada, mas eu quero muito saber de cada detalhe dessa briga de vocês. Sério! Que loucura foi àquela? A tapa e depois ele vindo todo mansinho sentar-se à mesa com cara de quem vai te bater em algum momento, se ele te bater eu chamo a polícia. Eu adoro uma briga. Mas sou contra a agressão à mulher.
— Desde criança ele tem uma coisa na cabeça que nada está bom se não estiver acabando com alguma parte da minha vida. De todas as pessoas na minha vida, ele era a que eu mais queria longe.
— Você vai morar com ele agora. - Ivy quis chorar — Mas não se preocupe. Eu não vou deixar ele te machucar. - Bradou Madison do outro lado mexendo no celular — Mas eu não vou deixar de lado o quanto ele é gostoso. E sem nenhuma tatuagem aparente. - Animou-se passando as fotos do i*******m.
— Me deixa ver - Amber tomou o celular e ambas analisaram cada foto falando do quanto ele era gostoso, e de fato, para quem tinha mais de quinze mil seguidores no i*******m com tanta foto sem camisa ou montado numa moto grande, Apolo Kade era o sonho de toda garota. — Já estou vendo as garotas da faculdade virando nossas amigas apenas para se aproximarem do Apolo.
— Eu não ligo desde que eu possa usar e abusar disso. - As duas se olharam — Estou falando de trabalho grátis em troca de uma cueca do Apolo. - As duas bateram as mãos. — Aí Ivy, o que você espera enquanto estiver morando com o Apolo? Quer se vingar? Acabar com ele? Algo assim? Porque podemos te ajudar.
— O Apolo é impenetrável, não há nada nesse homem que eu consiga derrubar. Vocês não são as primeiras a tentar me ajudar a destruir aquele filho de uma bondosa mãe.
— Querida... Não somos suas colegas do fundamental. Temos uma fonte de poder feminino na faculdade tão grandiosa que fariam de tudo para te ajudar. Mas se você quiser outra coisa... - Amber voltou a falar e Ivy as olhou.
— Que tipo de coisa você acha que existe? - Amber e Madison se entreolharam antes de voltar a Ivy, será que ela não tinha percebido que havia sim um "sentimento" vindo da parte dele?
— Não sei, quem sabe quer paquerar, seduzir? - Ivy gargalhou, mas foi parando aos poucos pensando na possibilidade de se vingar de um jeito que ele jamais iria esquecer, porém, não iria se submeter a se aproximar de Apolo para isso.
Ela não era esse tipo de mulher.
Ignorou tudo que voltaram a dizer e desviou o olhar para fora do carro e o coração acelerou ao encontrar os olhos de Apolo no outro carro mais afastado.
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— Então é ela? - Jones perguntou pela terceira vez enquanto olhava o rosto sem o brilho da manhã quando chegou cheio de esperança, agora emburrado e estressado. — É sério, é a sua garota?
— Ela não é a minha garota. - Murmurou descontente encarando ao longe os olhos verdes da menina que particularmente o irritava só de estar no mesmo espaço, o irritava porque ela era a única que não queria nada com ele. — Ela não é a minha garota. - Repetiu.
— Tá. Engraçado que você mencionou o nome dela quatro vezes desde que chegou. - Jones sorriu ligando o carro. — A melhor parte é saber que você gosta dela, mas ela não sabe disso, o que te custa contar a verdade?
— Eu não gosto dela. - Falou mais alto vendo o carro das garotas ir embora e aquela troca de olhares só terminar. Deitou no banco de trás respirando melhor. — Eu... Eu gosto, eu gosto sim - Confirmou enquanto os outros riam. — E ela me deu uma tapa, vocês viram aquilo? Ela nunca tinha batido no meu rosto.
— Ela não é mais uma criança, Apolo, na verdade ela é uma mulher maravilhosa. - Josh comentou animado levando uma tapa — O que foi?
— A garota é do Apolo.
— Ela não é minha garota - voltou a repetir.
— Tá vendo? Ela não é a garota dele. - Josh tornou a falar — Uma pena a gente não poder pegar ninguém do nosso próprio apartamento. - Murmurou desgostoso — Ainda dá tempo de expulsar ela?
Quando decidiu voltar a falar com seu pai e vir para a mesma cidade, planejou trabalhar para sua madrasta, terminar a faculdade e viajar pelo mundo em cima de sua moto. Sua beleza e inteligência eram o suficiente.
Esse era um bom plano.
E nesse plano não incluía o amor a sua infância, adolescência, juventude e velhice.
E o pior de tudo, era vê-la, porque com certeza ela era seu ponto fraco.
Seu plano de ser uma pessoa melhor tinha ido por água baixo, e agora?
Como driblar a menina?
Iria voltar a ser como era antes pra ela desistir?
Não, não podia porque eles não eram mais crianças para agir daquela forma. E também, não tinha necessidade de ser tão ruim com ela a aquele ponto.