O fogo ainda crepitava na lareira quando Ana acordou, enroscada no corpo nu de Adam. A pele dele estava quente sob seus dedos, o coração batendo em um ritmo calmo, quase fora de lugar diante do caos que costumava acompanhá-los. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentia paz.
Mas a paz, com eles, era sempre uma ponte frágil sobre um abismo profundo.
Ela se levantou devagar, vestindo a camisa dele novamente. Caminhou até a janela da cabana, observando a floresta coberta de névoa. Algo em seu peito pesava. Um instinto, talvez. Um sussurro antigo dizendo que algo se aproximava.
Atrás dela, Adam também despertou, os olhos a seguindo em silêncio.
— Você não dormiu bem? — ele perguntou, a voz rouca.
Ana sorriu, mas não virou o rosto.
— Tive um sonho estranho. Eu estava de volta na casa de Helena, mas tudo estava em ruínas. Havia cinzas no ar... e vozes. Vozes que me chamavam, mas eu não conseguia ver de onde vinham.
Adam se sentou na cama, os cabelos bagunçados, os olhos atentos.
— Helena