A manhã chegou sem promessas de paz.
O sol filtrava-se timidamente pelas cortinas empoeiradas do pequeno quarto da pensão. Ana abriu os olhos devagar, sentindo a respiração quente de Adam contra seu pescoço. Ele dormia profundamente, um braço envolvido em sua cintura, como se mesmo inconsciente ainda quisesse protegê-la do mundo.
Ela não quis se mover.
Por um momento, permitiu-se apenas sentir. A respiração dele, o calor da pele, o peso leve da mão que repousava em sua costela nua. Era um conforto frágil, quase irreal — como se estivessem presos numa bolha de tempo que estava prestes a estourar.
Mas a realidade não esperaria muito.
O celular