A floresta parecia viva ao redor de Ana e Adam, como se cada árvore os observasse, cúmplices silenciosas de uma fuga desesperada. Os sons da noite – corujas, folhas sendo pisadas, o farfalhar do vento entre os galhos – misturavam-se ao eco do próprio medo. Ana ainda sentia o gosto do pânico na boca, a respiração descompassada, a garganta seca e o coração tão acelerado que parecia prestes a rasgar o peito.
Adam caminhava à frente agora, atento, os olhos vasculhando a escuridão como um animal ferido. Carregava ainda a barra de ferro, suja nas extremidades. O sangue que havia salpicado a ponta dela – do próprio pai – secou no frio da noite.
— Acha que ele vai nos seguir? — sussurrou Ana, os olhos arregalados.
Adam hesitou por um instante antes de responder.
— Sim. Ele nunca aceita uma derrota.
Ana sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha. A palavra “derrota” parecia errada. Não era apenas sobre orgulho ferido. Era sobre posse, domínio. A sensação de estar sendo caçada tomou forma real,