O salão de baile do hotel havia sido transformado. Cristais brilhantes, toalhas de linho branco imaculadas e arranjos de flores escuras e exóticas criavam uma atmosfera de opressiva elegância. Era o palco perfeito para a disfunção dos Rossi. E eu, a peça central involuntária.
Meu vestido era uma declaração silenciosa. Preto da noite, um decote profundo que sabia onde terminar, alças finas como a corda de um piano. As mangas de tomara-que-caia, transparentes e fluidas, adicionavam um ar de mistério, enquanto a saia, justa até aos joelhos antes de se abrir em uma fenda dramática que revelava minha perna a cada passo, dizia "olhe, mas não toque". Era elegância e perigo, uma combinação que esta família entendia intimamente.Lorenzo me esperava no topo da escadária que levava ao salão. Seus olhos percorreram-me rapidamente, um brilho de aprovação estratégica neles.— Você parece… caríssima — disse ele, oferecendo o braço. — Pronta para conhecer a prole?