A casa era simples, aninhada numa zona rural fora da jurisdição de qualquer cidade grande. Segura. O carro parou na garagem, e antes mesmo de desembarcarmos, a porta da casa se abriu.
Dan De'Arth era um homem que a vida havia talhado com um machado. Alto, com ombros que ainda sustentavam uma força latente, seu rosto era um mapa de cicatrizes. A ausência de sua orelha esquerda era o detalhe mais óbvio, mas não o único. Seus olhos, de um cinza tempestuoso, pousaram em mim e se iluminaram com uma emoção crua que quase me fez recuar. Alívio. Alegria. Uma dor antiga.— Ryan.A voz dele era áspera, desgastada pelo tempo e pelos cigarros. Em dois passos, ele estava diante de mim, envolvendo-me em um abraço que era ao mesmo tempo desajeitado e feroz. Eu estava rígido, o corpo ainda preso àquela realidade anterior, àquela obsessão. Mas algo no abraço dele, naquele cheiro familiar de tabaco e graxa, fez uma fenda na minha armadura.— Pai — a palavra saiu ro