A sala era fria. Não o frio úmido dos túneis, mas um frio seco e vítreo que parecia emanar das próprias paredes. Ou, no caso, dos incontáveis espelhos que as compunham. Eles se estendiam até onde a vista alcançava, refletindo não uma sala, mas um infinito labirinto de mim mesmo.
Danika, com seus olhos violeta impiedosos, havia dado as instruções com a frieza de um cirurgião. "Encontre o espelho que não reflete nada."
A porta de ferro fechou-se atrás de mim com um clique final. O silêncio era absoluto, quebrado apenas pelo som da minha própria respiração e pelo bater do meu coração, acelerado contra as costelas.
E então comecei a caminhar sentindo um cheiro familiar: beladona.
Cada passo era um pesadelo. "Ryan Carter" olhava para mim de dezenas de ângulos – o policial de uniforme, o homem ensanguentado à beira da estrada, o rosto pálido sob a luz do hospital. E "Leo" estava lá também – o amante possessivo de Elysa, o homem de olhos vermelhos que arrombara portas e segurara um m