O Poderoso Magnata e a Baiana

O Poderoso Magnata e a Baiana PT

Romance
Última actualización: 2025-11-20
Aquino  Recién actualizado
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Resumen
Índice

Helena fugiu da miséria na Bahia em busca de um futuro melhor, mas acabou presa em um golpe que quase destruiu sua vida. Sozinha em outro país, sem dinheiro e sem documentos, ela só queria sobreviver. Até cruzar o caminho de Nathan Keen, o magnata arrogante, lindo e temido que comanda a maior agência de modelos dos EUA. O primeiro encontro deles explode: ele a humilha diante de todos, ela reage… e o tapa que acerta o rosto do bilionário vira o início de uma guerra intensa. Nathan nunca foi desafiado. Helena nunca foi dominada. Entre atritos, provocações e uma química proibida que nenhum dos dois consegue ignorar, eles são arrastados para um jogo perigoso. Mas quando o passado de Helena volta disposto a destruí-la, apenas um homem tem poder suficiente para protegê-la. Exatamente aquele que ela jurou odiar.

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Capítulo 1

Capítulo 1

Helena Evelyn

Eu acordei com frio.

O banco de madeira embaixo de mim era duro, e minhas costas doíam como se eu tivesse carregado o mundo inteiro até ali. O céu acima tinha aquele tom meio acinzentado, típico de cidade grande, e por um segundo eu não fazia ideia de onde estava.

Até lembrar.

Estados Unidos. Outra cidade. Outro idioma. Outro mundo.

E eu, sozinha.

O estômago roncou alto, como se estivesse gritando por mim. Eu abracei a mochila contra o peito, tentando me encolher, invisível no meio daquela praça elegante, cercada de prédios caros, cafés cheios e pessoas que nem sequer me olhavam.

“Valentina.”

O nome falso pesava na minha cabeça como uma piada de mau gosto.

Meu nome é Helena Evelyn. Eu sou da Bahia, de uma cidade pequena onde a terra é seca, a noite é silenciosa e o cheiro de café coado se mistura com o da poeira. Lá, eu dividia um quarto com meus irmãos, dormia em esteira de palha e sonhava com passarelas e vitrines brilhantes.

Queria ser modelo. Queria fazer faculdade de Moda. Queria tirar minha família da miséria.

Agora… eu só queria um pedaço de pão.

Fechei os olhos por um instante e vi o rosto dos meus pais. Minha mãe, com as mãos calejadas da lavoura, dizendo que “tudo que vem fácil, vai fácil… e às vezes leva a gente junto”. Meu pai, com a coluna doendo, mas ainda assim trançando esteiras e sorrindo orgulhoso sempre que eu falava de São Paulo.

Eles não faziam ideia de onde eu estava.

Eles achavam que eu tinha ido pra capital tentar a vida, bater de porta em porta, procurar emprego em lanchonete, loja, qualquer coisa. E eu fiz isso. Andei por São Paulo com o currículo amassado na bolsa, ouvi “não estamos contratando” mais vezes do que seria justo pra qualquer ser humano. Passei fome. Chorei escondida no quarto da pensão. Quase desisti.

Até ela aparecer.

Marcela Miller.

Alta, elegante, olhos cinza de quem enxerga tudo e não sente nada. Ela entrou na recepção de um prédio moderno enquanto eu tomava um café de graça e roubava biscoitinhos da bandeja pra guardar na bolsa. Sentou ao meu lado, cruzou as pernas com a calma de quem tem o mundo na palma da mão e disse:

— A vaga daqui já foi preenchida, querida. Mas tenho algo melhor pra você.

“Secretária nos Estados Unidos. Seis mil reais por mês. Moradia, comida, apartamento só seu. Passaporte, visto, tudo por conta da empresa.”

Parecia milagre. Milagre daqueles que a gente ouve falar na TV, mas nunca acha que vai acontecer com a gente. Eu, que nunca tinha visto quinhentos reais de uma vez, ouvi “seis mil” e senti minhas pernas tremerem.

Pensei na casa dos meus pais, nas goteiras, no colchão murcho, na barriga dos meus irmãos roncando. Pensei em uma casa nova, com piso frio, varanda com rede, quintal com pé de acerola e manjericão pro meu pai. Pensei na promessa que fiz a mim mesma: “Um dia eu volto e tiro eles daqui”.

Então eu disse sim.

Liguei pra Marcela dois dias depois, com a voz tremendo:

— Eu aceito.

Ela só pediu meus dados. Disse pra eu não contar nada à minha família “pra não preocupar antes da hora”. Garantiu que resolveria tudo. Passaporte, visto, passagem. “Confia em mim, flor”, ela falou, com aquela voz doce demais.

Eu confiei.

E foi meu maior erro.

No aeroporto, com as luzes brilhando e gente falando em mil idiomas diferentes, ela me entregou os papéis do embarque e falou, num tom casual:

— Ah, querida… mudei seu nome. Você vai como Valentina, tudo bem?

Eu travei.

— Como assim mudou meu nome? Eu gosto do nome que meus pais me deram. Por que eu teria que mudar isso?

Ela riu, como se fosse a coisa mais boba do mundo.

— Só por um tempo, flor. Facilita a entrada. Depois você volta a ser Helena, se quiser. Pense no dinheiro, na faculdade, na casa nova…

Foi aí que vi.

No papel, não só meu nome tinha mudado. Minha idade também.

Vinte e cinco anos.

— Está errado. Eu tenho dezoito — falei, com o documento tremendo na minha mão.

O sorriso dela rachou. Por um segundo, vi o que tinha por baixo da maquiagem perfeita: frieza.

— Não se preocupe com isso. É só burocracia.

Antes que eu pudesse reagir, um homem grande se aproximou, segurou meu braço com força e deixou à mostra, sob a jaqueta, uma arma. Minha garganta fechou. Qualquer vontade de gritar morreu ali.

Eu embarquei.

Não porque quis. Mas porque tive medo.

O resto foi um borrão de medo, enjoo, sono forçado e uma certeza: eu estava sendo vendida. Não pra trabalhar de secretária. Não pra atender telefone. Mas pra virar mercadoria em algum lugar que eu nem sabia apontar no mapa.

Quando o avião pousou, eu já não era Helena. Eu era “Valentina, 25 anos, pronta pra ser usada”.

Eles me levaram para um bairro elegante, carro de luxo, luzes de neon, seguranças na porta, música abafada. Um prédio que parecia clube noturno, ou algo pior. E quando Marcela falou “onde você vai morar e onde a gente vai ganhar muito dinheiro com você”, eu entendi tudo.

E corri.

Corri como nunca tinha corrido na vida. Me escondi atrás de carro, virei esquina sem olhar, derrapei na calçada, prendi a respiração até os pulmões queimarem. Eu não sabia onde estava. Não sabia falar direito com ninguém. Não tinha dinheiro. Só tinha medo.

Mas consegui escapar.

Por enquanto.

Terminei naquela praça. Sentada num banco. Com frio. Com fome. Com raiva.

— Aquela bruxa vai pagar — murmurei, sentindo as lágrimas arderem. — Ninguém vai me vender. Ninguém vai tocar em mim sem permissão.

Eu podia estar perdida, faminta, sem um centavo. Mas eu ainda era minha.

Ouvi passos se aproximando. Instintivamente, fiquei alerta. Apertei a mochila. Se fosse alguém de Marcela, eu ia morder, arranhar, gritar, arrancar o que tivesse ao alcance.

Mas não era.

Era um senhor de cabelos grisalhos penteados pra trás, terno impecável, postura de quem está acostumado a ser respeitado. Ele parou a uma distância segura, sem invadir meu espaço, e falou em português perfeito:

— Percebi que você passou a noite aqui. Está tudo bem?

Meu corpo inteiro se armou por dentro.

— Quem é o senhor? — perguntei, firme.

Ele sorriu, calmo demais pro meu gosto.

— Me chamo Jacob. Sou dono de uma agência de modelos.

Ri, sem achar graça.

Agência de modelos. Outra proposta perfeita demais. Outro milagre suspeito. Outro possível disfarce pra inferno.

— E o que o senhor quer comigo? — rebati, desconfiada.

— Gostaria que tirasse umas fotos pra gente, por favor. Estamos precisando de uma moça como você para um desfile da nossa marca. É só um dia de trabalho, pagamento bom. O que me diz?

Fiquei em silêncio.

Minha cabeça gritava não. Meu estômago gritava sim.

Eu já tinha caído em uma armadilha antes. Mas o jeito dele era diferente. Ele não tocou em mim. Não insistiu. Não prometeu o céu. Só me olhava como quem avalia… profissionalmente.

E eu não tinha mais nada.

Talvez eu sempre tenha sido fascinada pelo perigo disfarçado de oportunidade.

— Se eu não gostar, eu vou embora — resmunguei.

— Claro — ele respondeu, sem se ofender. — Você é livre pra ir embora quando quiser.

“Livre.” A palavra doeu.

Entrei no carro.

Paramos em frente a um prédio com o letreiro dourado: Model.

Por um segundo, a imagem refletida na porta de vidro quase me fez rir. Uma garota de olhos cansados, roupas simples, cabelo preso de qualquer jeito, tentando esconder a sujeira da rua. Eu parecia tudo, menos modelo.

O saguão era amplo e elegante, cheio de mulheres altas, magras, impecáveis. Bonecas de luxo andando em salto alto, com rostos frios e passos exatos. Eu tinha curvas, tinha olheiras, tinha cicatriz na alma.

Mas entre todas elas… Jacob tinha escolhido a mim.

Entreguei meus dados, tentando mentir com naturalidade:

— Um metro e setenta e cinco. Cinquenta e oito quilos. Busto oitenta e sete, cintura sessenta e quatro, quadril noventa e dois. Cabelos pretos, olhos verdes, pele morena.

Enquanto falava, meu olhar passeava pelo lugar. Era bonito, sim. Profissional. Mas meu corpo inteiro ainda estava em alerta. Se alguém tentasse me tocar, eu reagiria.

Foi então que ele surgiu.

Eu ouvi a presença antes de vê-lo. Um silêncio diferente, um respeito automático. Como se o ar mudasse de peso.

Alto. Terno impecável. Ombros largos. Cabelos negros, levemente bagunçados, como se ele tivesse passado a mão ali no meio de alguma reunião tensa. Olhos escuros, profundos, do tipo que analisam, julgam e descartam em segundos.

E ele sabia que era bonito. Sabia que era poderoso. Sabia que podia ter tudo.

E eu soube, na mesma hora, que aquele era o tipo de homem que o mundo chamaria de magnata. E que eu chamaria de problema.

Ele me olhou como se eu fosse um erro no cenário perfeito dele.

— O que essa garota está fazendo aqui? — a voz dele cortou o ambiente como uma lâmina. — Quem deixou entrar?

Ninguém respondeu.

— Olhem pra ela — continuou, com desprezo explícito. — Toda suja, parecendo uma sem-teto. Isso aqui é uma agência de alto padrão, não abrigo de rua. Quem permitiu essa mulherzinha nojenta passar da porta?

Minha pele queimou. O sangue ferveu.

“Mulherzinha nojenta.”

As modelos pararam de andar. Algumas me olharam com pena, outras com diversão. Jacob calou. Ninguém ousava enfrentá-lo.

— Vai procurar outro lugar pra pedir esmola — ele continuou, como se eu nem estivesse ali. — Estou com nojo só de olhar pra você.

Ali, naquela frase, alguma coisa dentro de mim quebrou. Não era só orgulho. Era tudo. A fome, o cansaço, o medo, a humilhação, o golpe da Marcela, a saudade da minha família, o terror de ter quase sido vendida.

Tudo saiu de uma vez só.

— Olha aqui, seu babaca... mulherzinha é a mãe — cuspi, sem pensar. — Tá com nojo da minha roupa? Eu posso tirar aqui mesmo, agora, no meio de todo mundo, seu idiota!

Um silêncio pesado caiu.

Os olhos dele se estreitaram.

— Preste atenção em como fala comigo, sua cadela fedida.

Cadela.

A palavra explodiu na minha cabeça.

Antes que a razão me alcançasse, minha mão já tinha se erguido.

O tapa ecoou pelo salão como um tiro.

O rosto dele virou de lado com o impacto. As modelos prenderam a respiração. A recepcionista se encolheu atrás do balcão. Jacob arregalou os olhos. E eu ali, tremendo, com a palma ardendo e o coração disparado.

— Cadela são as mulheres que você paga pra te aguentar, seu verme arrogante! — gritei, com a voz embargada. — Comigo, você aprende a respeitar antes de abrir essa boca suja!

Por um momento, ele não se mexeu.

Só me encarou.

Os olhos escuros dele não tinham mais só nojo. Tinha algo a mais. Raiva, sim. Orgulho ferido, claro. Mas também… curiosidade. Como se eu fosse um desafio que ele não esperava.

Uma mulher de cabelos vermelhos, olhos azuis intensos e salto alto se aproximou, sussurrando depressa:

— Você enlouqueceu? — ela perguntou, quase rindo. — Menina, você acaba de dar um tapa no dono disso tudo.

— Dono? — repeti, ainda ofegante.

— Nathan Keen. O Magnata da Model. O homem que manda em tudo aqui. E você acabou de estapear a cara dele.

Meu estômago gelou.

Eu tinha acabado de bater no homem mais poderoso daquele lugar.

O Magnata.

Ele.

— Eu me chamo Ketley — ela continuou, estendendo a mão discretamente. — E você?

Pensei por um segundo.

Helena. Valentina. Quem eu era ali?

— Valentina — respondi, usando o nome que o inferno me deu. — E, se ele não gostou, problema dele. Não sou lixo de ninguém.

Ketley soltou um sorriso curto.

— Gosto de você. — Ela olhou na direção de Nathan. — E o problema é que ele também vai gostar. De um jeito ou de outro.

Segui o olhar dela.

Nathan Keen ainda estava lá, me observando. O maxilar travado, a marca vermelha do meu tapa na pele perfeita, os olhos escuros cravados em mim como se quisesse me desmontar inteira.

Ele murmurou algo para o homem ao lado. O outro assentiu e saiu pela porta dos fundos.

Um arrepio percorreu minha coluna.

Eu conhecia aquele olhar. Não era o olhar de um homem que esquece. Era o olhar de quem marca. De quem planeja. De quem está acostumado a controlar tudo… e acabou de conhecer a primeira pessoa que não abaixou a cabeça.

Eu não sabia ainda.

Mas naquela tarde, entre humilhação, tapa e desafio, o Magnata da Model e a Baiana sem nada acabaram de entrar na guerra mais perigosa das nossas vidas.

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