(Perspectiva de Elysa)
A chave girou na fechadura com um clique seco, um som que se espalhou pela casa silenciosa como uma gota caindo num poço. O ar ali dentro tinha outra densidade — carregado, quase elétrico — e nada lembrava o vento fresco que me acompanhara da rua. Meus passos no hall de pedra ecoaram sozinhos, cada batida de salto amplificando a inquietação que me seguia desde que vi o rabecão estacionado na curva. Ainda está lá. Observando.Segui direto para a biblioteca. Era como se algo me puxasse — instinto ou destino, não sei. Parei no limiar, deixando os olhos se ajustarem à penumbra acolhedora, impregnada de cera de abelha e páginas antigas. E então o vi.Ele estava diante da lareira de mármore, a mão apoiada na moldura entalhada acima, onde um retrato antigo e severo vigiava a sala. A passagem para o Arquivo Secreto estava aberta atrás dele — uma fenda negra que parecia absorver a luz.— Elysa. — A voz dele soou baixa, rouca, como s