O cheiro de papel envelhecido e cera de abelha impregnava o ar da biblioteca, denso como um véu. Era um aroma que deveria acalmar, mas que só apertava a tensão nos meus ombros. Elysa confiara em mim o suficiente para me deixar sozinho. Erro dela.
Minha atenção foi atraída imediatamente para a estante que eu já vasculhara dias antes, durante minhas explorações silenciosas. Sete livros se destacavam entre centenas: encadernações mais escuras, lombadas rígidas, com uma leve protuberância sob os títulos, como botões camuflados. Meus dedos deslizaram sobre eles, sentindo o relevo áspero. "Você", "um", "não", "prender", "pode". Palavras soltas, desconexas, que ecoavam na minha mente como um enigma. Meu instinto de caçador farejava um padrão, uma mensagem truncada que faltava à sua peça final. A resposta estava aqui, pairando no ar junto com o mofo e o papel antigo, mas eu não a via.
Frustrado, afastei-me da estante, e foi então que um reflexo dourado e irregular chamou minha atenção. Não v