O cheiro de papel envelhecido e cera de abelha impregnava o ar da biblioteca, denso como um véu. Era um aroma que deveria acalmar, mas só apertava a tensão nos meus ombros. Ryan. O nome verdadeiro ainda ecoava na minha mente como o ronco áspero de um motor desregulado. Mas ali, entre paredes de madeira escura e lombadas de couro, eu era Leo. O amnésico dócil. O noivo obediente. A máscara.
Elysa confiara em mim o suficiente para me deixar sozinho. Erro dela.A ponta dos meus dedos deslizava pelas Já notara os livros dias antes, durante minhas explorações silenciosas. Eram sete, dispostos entre centenas, mas distintos: encadernações mais escuras, lombadas rígidas, e uma leve protuberância sob os títulos, como botões camuflados. "Você", "um", "não", "prender", "pode". Os títulos eram palavras soltas, desconexas, mas meu instinto de caçador farejava um padrão. A resposta estava no ar, junto com o cheiro de mofo e papel antigo.Foi o reflexo dourado da luz da lareir