A noite estava carregada demais para ser só noite.
Havia algo na escuridão que vibrava com a mesma frequência do sangue.
Selena se deitou tensa no chão do santuário, o ventre nu, as runas queimada nas pedras ao redor pulsando luz fraca.
O ritual de contenção começara — um feitiço antigo que não servia para proteger, mas para segurar o que queria sair.
Mirka estava ao lado, olhos injetados. Suor escorria da testa.
As raízes no teto tremiam.
Selena, porém, não sentia medo.
Sentia fome.
Desejo.
E algo pior: a presença dele.
Rurik.
Mesmo a quilômetros dali, seu cheiro batia contra a alma dela como vento quente.
Os fios do Elo pulsavam. Estavam puxando. Chamando.
Querendo pele.
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Do outro lado da floresta, Rurik caiu de joelhos.
Os olhos transformados, meio âmbar, meio sangue.
— Ela está… me chamando.
Árdan, ainda machucado, observava à distância, sem se aproximar.
— Não é ela. É o Elo. Você não entende o que ele é.
— Entendo mais do que você. — A voz de Rurik era grave, distorcida. — O