Chovia.
Uma chuva fina, persistente, que não limpava nada — só afundava o mundo na lama e na desconfiança.
Rurik observava o campo de treinamento, braços cruzados, olhos fixos nos jovens lobos.
Eles estavam lentos. Distraídos.
Sabiam que algo se aproximava.
Ele sabia também.
O cheiro da guerra estava na terra.
Mas pior do que isso era o cheiro de traição.
Desde que voltara com Selena, a matilha se dividira em dois tipos: os que obedeciam em silêncio, e os que esperavam o momento certo para desafiar. Ele conhecia bem o segundo tipo.
E um deles já havia cometido o erro de escrever para Cael.
Rurik tinha a carta.
Tinha o nome.
Mas ainda não tinha o momento certo para destruir o traidor.
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No coven, Selena voltava à clareira onde os corpos das antigas bruxas Hollow haviam sido enterrados. Um lugar que todas evitavam.
Mas o filho dentro dela — ou seja lá o que crescia — queria estar ali.
Ela sentiu. Uma fome estranha. Um puxão no ventre.
— Você sente os ossos — sussurrou, ajoelhando-se.