Lisboa amanhecia preguiçosa, com o céu tingido de dourado.
As gaivotas cruzavam o Tejo, e o som distante dos bondes parecia marcar o ritmo de um coração que já sabia: era o fim.
Luiza acordou antes do sol.
O travesseiro ainda úmido das lágrimas da noite anterior.
Desde que voltaram de São Paulo, o ar dentro do apartamento parecia outro — pesado, suspenso, cheio de coisas que não sabiam mais se podiam ser ditas.
Na cozinha, o cheiro do café recém-passado se misturava ao som do relógio da parede.
Cada tique ecoava nela como um lembrete cruel: o tempo não para pra quem ainda ama.
Noah estava de pé, encostado na bancada.
A camiseta amarrotada, o olhar cansado.
Quando ela entrou, ele ergueu os olhos — e sorriu.
Mas era um sorriso que pedia desculpa antes mesmo das palavras.
— Dormiu? — ele perguntou, a voz rouca.
— Tentei — respondeu, servindo o café. — Você?
Ele deu de ombros. — Nem tanto.
Silêncio.
Aquela pausa longa, tensa, onde o amor tenta existir entre os cacos.
Luiza sentou-se à mes