O sol nascia devagar sobre Lisboa, tingindo o Tejo de um dourado tímido.
As gaivotas riscavam o céu em voos preguiçosos, e o ar ainda carregava o frio da madrugada.
Luiza observava o movimento da rua pela janela da pequena cozinha.
A chaleira chiava no fogão.
O cheiro do chá se espalhava, familiar, reconfortante — como um ritual de sobrevivência.
Mas aquela manhã não era como as outras.
Ela não dormira.
A mensagem de Apolo permanecia aberta no celular, o nome dele ali, mudo, como uma ferida que reabre sozinha.
“Estarei em Lisboa amanhã.”
Ela relia as palavras pela enésima vez, tentando decidir o que doía mais — a lembrança ou a esperança.
A mãe havia saído cedo, deixando sobre a mesa um bilhete simples: "Se for encontrá-lo, leve casaco. O vento muda depressa."
Luiza riu baixo, entre o afeto e o desespero.
Nem a mãe sabia mais o que aconselhar.
Talvez ninguém soubesse.
O relógio marcava nove e vinte quando ela saiu.
O ar frio cortou o rosto, e o céu ainda estava meio nublado, como se L