A chuva caía grossa sobre São Paulo, lavando as janelas do décimo andar como se tentasse apagar o que havia acontecido ali dentro.
Apolo estava de pé, imóvel, encarando o próprio reflexo no vidro.
O rosto cansado, os olhos vermelhos — e, atrás deles, a lembrança que o perseguia há dias: o beijo que Brenda o forçou a receber, bem na frente de Luiza.
Ele ainda sentia o gosto amargo daquilo.
A sensação da culpa se misturando à vergonha.
O instante em que viu Luiza congelar — e o mundo dele desmoronar.
A porta se abriu com violência.
Brenda entrou.
Nem bateu. Nunca batia.
— Você me ignorou por uma semana, Apolo! — disse, jogando a bolsa sobre a mesa. — Uma semana!
Ele virou-se devagar.
O olhar frio, contido, perigosamente calmo.
— E você ainda tem coragem de aparecer aqui?
Brenda cruzou os braços, erguendo o queixo.
— Eu salvei sua carreira. Fiz o que era preciso. Ela não era boa pra você. Eu só tirei o que te enfraquecia.
Apolo deu uma risada seca.
— Você me expôs, Brenda. Você destruiu