Lisboa, seis meses depois.
O inverno chegava manso, com o vento salgado vindo do Tejo e o cheiro de castanhas assadas pelas ruas. A cidade parecia dormir em paz, como se guardasse no coração cada história que o mar lhe contava.
Luiza caminhava devagar pela Feira do Livro, o cachecol azul enrolado no pescoço, as mãos enfiadas no bolso do casaco. O novo título já estava em pré-venda, e as pessoas a reconheciam, pediam fotos, diziam que Depois do Fim tinha mudado algo nelas.
Ela sorria, agradecia, e se perdia entre as barracas de livros antigos — o tipo de lugar onde os recomeços se disfarçam de coincidências.
O céu estava acinzentado quando ela o viu.
Apolo.
De novo.
Entre pilhas de romances e folhas amareladas, com uma xícara de café nas mãos e aquele mesmo sorriso contido, como se tivesse medo de quebrar o ar ao redor dela.
— Você de novo — ela disse, meio rindo, meio suspirando.
— Eu disse que ficaria mais um pouco — respondeu ele, com aquele tom calmo, quase tímido.
— E ficou seis m