O silêncio dentro da editora parecia ecoar tudo o que havia se partido.
A fachada envidraçada da editora refletia a chuva fina de São Paulo — como se até o céu tivesse vergonha do que acontecia ali dentro.
Apolo chegou cedo. Cedo demais.
Mesmo assim, repórteres já se aglomeravam na porta.
Microfones, flashes, perguntas afiadas atravessando o ar.
— Senhor Duarte, é verdade que a autora não autorizou a publicação?
— Luiza Monteiro vai processar a Editora?
— Foi uma jogada de marketing ou um erro ético?
Ele não respondeu.
Passou entre eles como quem atravessa um campo minado.
O rosto rígido, o olhar distante — preso em algum ponto entre a culpa e o desespero.
O corredor principal estava vazio.
As paredes, antes vibrantes, pareciam agora testemunhas mudas de um crime silencioso.
Na sala de reuniões, a equipe o esperava em murmúrios baixos.
Apolo entrou sem cumprimentar ninguém, largou o casaco sobre a cadeira e abriu o notebook.
O silêncio era denso, como se todos temessem o som da própri