[Luiza]
Dois anos.
Dois anos desde o caos, desde as manchetes, desde o olhar dele me pedindo perdão através de uma tela.
Dois anos desde que aprendi que o amor, às vezes, não morre — ele apenas muda de casa.
Lisboa amanhecia dourada naquela manhã. O sol batia nas janelas da livraria como uma promessa antiga, e o cheiro de café recém-passado se misturava ao perfume das flores que cobriam a entrada.
Meu nome estava na vitrine, em letras delicadas e firmes:
“Depois do Fim – Luiza Monteiro.”
Nunca gostei de ver meu nome grande assim. Parecia estranho, como se pertencesse a outra pessoa — uma que sobreviveu ao que eu vivi.
Mas ali estava eu.
Inteira, cansada, e finalmente em paz.
A sala estava cheia.
Rostos sorrindo, câmeras piscando, vozes dizendo “parabéns”.
Eu sorria também, mas por dentro, o coração batia em um ritmo manso — o mesmo ritmo de quando eu escrevia, nas madrugadas em que a solidão parecia uma companhia gentil.
“Luiza, conte pra gente — o livro fala sobre recomeços?” pergunt