O silêncio do quarto de hotel tinha um peso próprio.
Desses que não se medem em som, mas em lembranças.
O ar-condicionado zumbia num ritmo constante, e as luzes da cidade lá fora desenhavam riscos pálidos no teto.
São Paulo parecia indiferente — o que, de certa forma, era um alívio.
A cidade não se importava se ela estava desabando.
Luiza se encolheu um pouco mais contra o corpo de Noah.
A cabeça apoiada na perna dele, os dedos dele passando distraídos pelos fios do seu cabelo.
O gesto era terno.
Demais até.
E isso a feria de um jeito que ele nunca entenderia.
Ele havia acabado de chegar de viagem.
Exausto, mas com aquele mesmo sorriso tranquilo de sempre, o mesmo olhar calmo que parecia um porto.
Ela tentou ser o abrigo que ele merecia, tentou sorrir, dizer que estava tudo bem.
Mas dentro dela, nada estava.
Havia algo no olhar de Apolo — na última vez que o viu — que continuava latejando.
Um tipo de dor que ela reconhecia.
E talvez por isso doesse tanto.
A tela do notebook ainda pisc